Braga

Partidos divergem na solução para resolver problema da habitação em Braga

Candidatos às Câmara de Braga abreu ciclo de debates autárquicos Pedro Correia

Construção modular, criar duas novas centralidades urbanas e aumentar a oferta de casas com investimento privado ou de cooperativas são algumas das soluções apresentadas pelos candidatos à Câmara de Braga para resolver o problema da habitação. O tema esteve em cima da mesa no primeiro debate autárquico promovido pelo JN, que decorreu esta segunda-feira na sede dos Fenianos, no Porto.

São dez os nomes que estão na corrida à presidência de Braga e um deles acabará por suceder a Ricardo Rio, que atingiu o limite de mandatos. Acusado pela oposição de "nada fazer" e de seguir a filosofia de Ricardo Rio, uma vez que integra o seu executivo há oito anos, João Rodrigues, candidato da coligação PSD/CDS/PPM, defendeu-se garantindo que Braga foi a cidade que "mais cresceu em termos absolutos nos últimos 12 anos". Para o futuro, o candidato afirmou que, caso vença as eleições a dia 12 de outubro, irá aumentar em 30% os terrenos com capacidade construtiva.

Do lado socialista, António Braga acusou a governação de Ricardo Rio de não ter tido "capacidade para planear" o município. "Braga não pode ser pensada apenas como um concelho isolado de contexto regional, Braga é um polo de atração na região, no distrito e para além do distrito. E nessa medida, é preciso ter em consideração as ancoras que sustentam essa atratividade", atirou o candidato da coligação PS/PAN. Braga, antigo presidente da Assembleia Municipal e ex-vereador da Cultura, defende que a solução para a crise da habitação no concelho passa pela construção de 500 casas modulares, para colocar no mercado de arrendamento a custos moderados, dirigida sobretudo a jovens famílias da classe média e da classe média baixa.

Financiamento privado

Para Rui Rocha, candidato pela Iniciativa Liberal (IL), a solução é clara: criar dois novos polos urbanos, "um deles puxado pela nova variante do Cávado, a Norte de Braga, e outro a Oeste puxado pela nova estação do TGV". "Temos que dizer a quem quiser investir em Braga, que tem aqui uma oportunidade, com planos de urbanização adequados, para criar duas novas centralidades, até digo, duas novas cidades", afirmou o antigo líder da IL. O candidato afiançou, ainda, que o tempo de revisão do novo Plano Diretor Municipal (PDM), restringiu novas construções, tendo levado a uma "violação das expectativas dos bracarenses".

Apesar de assegurar que a "habitação pública não é uma grande solução", Filipe Aguiar, candidato pelo Chega, acredita que a solução passa por "disponibilizar terrenos municipais, onde os privados possam construir", sendo uma parte a custos controlados e outra a custos de mercado.

Também o Bloco de Esquerda (BE) defendeu a ideia de "disponibilizar terras", mas, para que cooperativas e associações possam investir. "Andaram a aliciar imigrantes. Quem os foi chamar devia ter criado as condições necessárias. Preocuparam-se com os "hostels" e com a habitação nada", atirou o candidato. Já a CDU, que concorre com João Baptista, quer construir 1000 habitações através de verbas do Estado e Carlos Fragoso, do Livre, defendeu um aumento da habitação pública.

"BRT não é solução", garante a maioria dos candidatos

Um dos grandes desafios do município de Braga, identificados pelos vários candidatos, é a questão da mobilidade e, para a maioria, o sistema de Bus Rapid Transit (BRT) não é solução. No entanto, o projeto terá sido votado "favoravelmente" por todos os partidos, afirmou António Lima, candidato do Bloco de Esquerda (BE).

"O BRT não é adequado para Braga. Não pode circular onde as pessoas precisam dele", começou por afirmar António Braga, candidato do PS/PAN. Da mesma opinião partilha Filipe Aguiar, do Chega, que acrescenta que "o BRT não vai retirar carros das ruas" e só vai congestionar mais o trânsito.

Para Rui Rocha, candidato da Iniciativa Liberal", o BRT não é solução, mas também não a "abate", uma vez que "pode ser aproveitado, no futuro, para a construção, daquilo que deve ser a solução para uma década, que é o metro de superfície". O candidato independente, Ricardo Silva, disse querer "aproveitar a linha do BRT para fazer a implementação de um sistema coletivo, que consiga fazer ligação aos caminhos de ferro".

Mais longe vai o candidato do Livre, Carlos Fragoso, que defende a limitação de carros dentro da cidade e um aumento dos transportes públicos. Já o candidato da CDU, João Baptista, que defende um passe intermodal, garante que é "fundamental apostar na ferrovia", sobretudo na ligação com Guimarães, e ligar todas as soluções de mobilidade, incluindo o BRT. Quanto a João Rodrigues, candidato do PSD/CDS/PPM, a prioridade é concluir a variante do Cávado.

Diana Morais Ferreira