Os sindicatos dos trabalhadores ligados ao setor da Saúde acusam Marcelo de Rebelo de Sousa de não estar ao lado da população, ao adiar o balanço para depois das eleições autárquicas. Tema esteve em debate no Fórum TSF desta manhã
A posição assumida pelo presidente da República de fazer a sua avaliação ao que se vive na Saúde dentro de duas semanas - as autárquicas decorrem no próximo dia 12 - é mal vista pelos sindicatos do setor, que acusam Marcelo Rebelo de Sousa de não estar ao lado da população. O assunto esteve na manhã desta segunda-feira em debate no Fórum TSF, um dia depois do chefe de Estado ter reconhecido que a situação na Saúde "é muito difícil", estando "a somar dados" e a "ganhar perspetiva". Adiantando que "daqui por duas semanas, já não falta muito tempo", dirá o "que são os grandes problemas da saúde em Portugal".
Para o presidente do Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, "não se tem compreendido muito bem as posições do presidente da República no que respeita à Saúde". Recordando Rui Lázaro que, quando começaram a "denunciar os problemas do INEM, o próprio recusou receber-nos em audiência, remetendo para o Governo na altura". Para aquele dirigente, que é também candidato à Assembleia Municipal de Moncorvo, "a Saúde está, de facto, na campanha eleitoral, sobretudo nas zonas do país onde o acesso é mais difícil".
Também a líder da Federação Nacional dos Médicos ataca Marcelo, para quem "é evidente que deixar essa apreciação para depois das autárquicas tem aqui um propósito". Para Joana Bordalo e Sá, o presidente da República "devia estar do lado da população, dos cidadãos, do acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) de forma universal, gratuita, de qualidade, sem que qualquer cidadão em Portugal ficasse de fora do SNS e tivesse que recorrer ao setor privado, que é o que está a acontecer". O que, frisa, "seria esperado de um presidente da República". Contudo, prosseguiu, "sabemos como é que funciona a política aqui em Portugal e também não me espanta de todo esta atitude".
Mais contundente, a presidente da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados acusou Marcelo Rebelo de Sousa de "apadrinhar este Governo de uma forma absolutamente descarada; acho incrível que tudo aquilo que há para anunciar seja anunciado depois das autárquicas". Para Maria do Rosário Gama, "todos os ministros que têm contribuído para aquela imagem que temos da Saúde, da Administração Interna, e outros, se fosse do Governo anterior o Governo já tinha sido pressionado a demitir o ministro e neste momento não".