Cultura

Caminhada reflete sobre vivências femininas na história de Braga

Projeto lança olhar crítico sobre a presença e a ausência da figura feminina na história da cidade de Braga Foto: Direitos reservados

Percurso, que é inaugurado esta sexta-feira, conta com fotografias oriundas do arquivo municipal e composições sonoras.

Uma caminhada sonora que estreia esta sexta-feira, em Braga, propõe um olhar crítico sobre a presença e a ausência da figura feminina na história da cidade, numa criação da PELE em parceria com o arquivo municipal. Com duração aproximada de 75 minutos, o percurso "Onde (não) estavam elas?" parte do arquivo, às 17.30 horas, para levar o público por vários pontos simbólicos, onde estarão expostas fotografias históricas, acompanhadas por peças sonoras produzidas ao longo de um processo colaborativo.

A criação deste percurso sonoro partiu de um trabalho de mediação cultural com a comunidade sénior do Centro Social de Cunha, desenvolvido entre maio e julho. Através de sessões coletivas e individuais, o grupo refletiu sobre fotografias históricas, partilhando testemunhos e experiências que ampliam as narrativas visuais do arquivo.

Esses encontros exploraram temas como o trabalho no campo e na cidade, as desigualdades no acesso à educação, as vivências femininas antes e depois do 25 de abril, o casamento, os papéis de género e os estereótipos que marcaram gerações. Gravados e editados, os testemunhos deram origem às peças sonoras que, em diálogo com as imagens e os espaços escolhidos, compõem o percurso.

Património e comunidade

O projeto procurou enfrentar um dos principais desafios da articulação entre património arquivístico e participação comunitária: a ausência, nas fotografias de arquivo, de muitas realidades vividas pela maioria dos participantes em contexto rural. Ao transformar memórias orais em registos sonoros, o percurso cria pontes entre diferentes vivências e tempos, contribuindo para uma memória coletiva mais plural e inclusiva.

A programação deste projeto integra ainda a oficina Retratos de Família, marcada para sábado, no arquivo municipal de Braga. Dirigida ao público familiar, a atividade parte dos retratos e áudios do percurso sonoro para refletir sobre o que está presente e ausente nos registos fotográficos familiares, entendidos como encenações guiadas pelos valores da época. A oficina permitirá a adultos e crianças mergulharem no espólio do arquivo, explorando criativamente memórias de outrora e reimaginando-as à luz do presente.

Ricardo Reis Costa