Ana Paula Fernandes, de 35 anos, estudante de Direito, foi colocada em prisão preventiva sob suspeita de, pelo menos, quatro mortes por envenenamento no Brasil. A polícia apura a possibilidade de ela ser uma "serial killer", após ter encontrado veneno na sua casa.
A investigação avançou após a prisão de Michelle Paiva da Silva, que teria contratado Ana Paula para matar o próprio pai, Neil Corrêa da Silva, de 65 anos. As duas foram colegas de faculdade.
Neil morreu a 26 de abril, após consumir uma feijoada supostamente envenenada. Segundo as investigações, Michelle terá pagado 4 mil reais (cerca de 627 euros) para que Ana Paula viajasse até ao Rio de Janeiro e adulterasse a comida da vítima. Antes do crime, a suspeita terá testado o veneno em cerca de dez cães.
Em mensagens intercetadas pela polícia, as duas usavam a sigla "TCC", numa alusão a "Trabalho de Conclusão de Curso", para se referirem ao pagamento. Esse, no entanto, não é o único caso atribuído à estudante.
A 31 de janeiro, o corpo de Marcelo Hari Fonseca, proprietário do imóvel onde Ana Paula vivia com a irmã, foi encontrado em avançado estado de decomposição. A própria suspeita acionou a Polícia Militar, mas a causa da morte foi considerada inconclusiva. O inquérito foi arquivado em 5 de maio, mas a filha da vítima, Giuliana Santana Fonseca, pediu a reabertura do caso, alegando que Ana Paula havia limpado o local onde o corpo estava. Segundo o jornal "O Globo", durante um novo interrogatório, a ré confessou ter assassinado Marcelo.
Outro caso é o de Maria Aparecida, que morreu em 11 de abril, em Guarulhos, em São Paulo, sem sinais aparentes de violência. A princípio tratada como morte natural, a ocorrência voltou a ser investigada após depoimento da filha da vítima, Thayná Rodrigues Felipe, de 24 anos. Relatou que a mãe era amiga de Ana Paula, que se apresentava com o nome falso de Carla, com quem havia saído na noite anterior ao falecimento. A suspeita teria oferecido um bolo a Maria Aparecida na casa onde morava com a irmã, antes da morte.
A quarta vítima apontada é Hayder Mhazres, um tunisino de 21 anos, que morreu a 23 de maio, em São Paulo. O jovem mantinha um relacionamento com Ana Paula, e teria ingerido um batido envenenado preparado por ela. A investigação indica que a suspeita tinha motivações financeiras e chegou a chantagear Hayder e sua família com uma falsa gravidez.
Na terça-feira, 13 de outubro, a polícia encontrou na residência de Ana Paula uma substância identificada como terbufós, um inseticida de uso agrícola, frequentemente utilizado como princípio ativo do veneno conhecido como "chumbinho", segundo o jornal "Carta Capital".