O presidente norte-americano anunciou esta quinta-feira que vai reunir-se com o homólogo russo, em Budapeste, sem indicar uma data, no final de uma conversa telefónica entre ambos, em que garantiu terem sido "feitos grandes progressos".
"Decidimos que uma reunião dos nossos conselheiros seniores terá lugar na próxima semana. As reuniões iniciais serão lideradas pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, com outras pessoas ainda por definir. Será escolhido um local", escreveu Trump na sua rede social, Truth Social.
"Em seguida, o presidente [Vladimir] Putin e eu reunir-nos-emos num local previamente combinado, Budapeste, na Hungria, para ver se podemos pôr fim a esta guerra "inglória" entre a Rússia e a Ucrânia", acrescentou o chefe de Estado norte-americano.
Trump fez este anúncio na véspera de uma reunião com o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, que espera que Washington lhe forneça mísseis Tomahawk, apesar dos protestos de Moscovo.
O último encontro entre Trump e Putin decorreu a 15 de agosto, numa base militar no Alasca, e não desembocou em qualquer perspetiva concreta de resolução para a guerra desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão russa da vizinha Ucrânia.
Os mísseis Tomahawk norte-americanos permitiriam à Ucrânia atacar em profundidade o território russo, e Moscovo já avisou que o envio destas armas para Kiev constituirá, na sua opinião, uma "escalada no conflito".
Com a Rússia a intensificar os ataques às infraestruturas energéticas na Ucrânia, os Tomahawk serão o "tema principal" do encontro de Zelensky com Trump na sexta-feira, disse um responsável ucraniano citado pela agência de notícias francesa France-Presse.
Referiu também os sistemas de defesa aérea Patriot, numa altura em que os ucranianos temem enfrentar o inverno sem luz ou aquecimento.
O presidente norte-americano não deixou até agora claras as intenções quanto ao fornecimento deste tipo de armamento.
"A Ucrânia quer atacar, tomarei uma decisão sobre isso", declarou na quarta-feira.
No domingo, afirmara que a utilização dos Tomahawk pela Ucrânia seria "um novo passo agressivo", depois de Putin avisar que o envio destes mísseis constituiria uma "nova escalada" no conflito e afetaria as relações entre Washington e Moscovo.
Trump "muito desapontado" com Putin
A Ucrânia tem sido alvo de mais ataques russos nos últimos dez dias.
Esta madrugada, a Rússia disparou uma série de 320 drones e 37 mísseis, segundo a Força Aérea ucraniana, sublinhando que 283 drones e cinco mísseis foram abatidos.
Para enfrentar estes bombardeamentos maciços, os ucranianos pretendem reforçar a eficácia das defesas antiaéreas.
O encontro entre Trump e Zelensky pode lançar mais luz sobre o atual estado de espírito do presidente norte-americano.
Recentemente, afirmou, para surpresa de todos, que a Ucrânia podia vencer o conflito, elogiando a resistência demonstrada desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.
Mas alguns observadores consideraram que tal elogio pode ser sinal de um desejo de afastamento de Trump, tentado a deixar o conflito seguir o seu curso.
O líder republicano, que se orgulha de ter tido sempre uma excelente relação com o presidente russo, mudou recentemente um pouco de tom, dizendo estar "muito desapontado" com Putin.
No entanto, não exerceu pressão significativa sobre a Rússia desde que, em janeiro, regressou à Casa Branca para um segundo mandato presidencial (2025-2029), embora tenha afirmado, durante a campanha eleitoral, que obteria o fim da guerra na Ucrânia "em 24 horas" assim que voltasse ao poder.
"Vladimir Putin simplesmente não quer acabar com esta guerra", declarou Donald Trump na terça-feira.