O antigo conselheiro de segurança nacional de Donald Trump, John Bolton, foi esta quinta-feira acusado judicialmente de uso indevido de informações confidenciais, após o presidente norte-americano o ter definido como alvo da procuradoria, noticiaram os media locais.
John Bolton, de 76 anos, foi acusado por um júri em Maryland, perto de Washington, D.C., tornando-se no terceiro adversário de Trump a enfrentar acusações judiciais, depois do ex-diretor do FIB James Comey e da procuradora Letitia James.
Segundo a CBS, Bolton enfrenta 18 acusações criminais, incluindo oito de transmissão de informações de defesa nacional e 10 de retenção de informações de defesa nacional.
A acusação alega que o ex-conselheiro no primeiro mandato de Trump "abusou da sua posição (...) ao partilhar com dois familiares não identificados mais de mil páginas de informações sobre as suas atividades diárias", incluindo informações com classificação ultrassecreta.
Em agosto, uma rusga do FBI visou a casa e o escritório de John Bolton, por suspeitas de violações da Lei de Espionagem, de acordo com documentos judiciais.
A acusação afirma que Bolton enviou às duas pessoas "entradas semelhantes a um diário" utilizando um e-mail não governamental, incluindo "contas de e-mail alojadas pela AOL e pela Google", para enviar informações confidenciais até ao nível ultrassecreto e de Informações Compartimentadas Sensíveis.
Também terá impresso e armazenado em sua casa em Maryland muitas dessas entradas, refere o documento da procuradoria.
Entre 2019 e 2021, segundo a acusação, a conta de e-mail de Bolton foi pirateada por um "agente cibernético" que se acredita estar ligado ao Irão.
A acusação alega que Bolton relatou às autoridades federais o ciberataque, mas não especificou que havia informações confidenciais na sua conta, ou que as tinha partilhado com dois familiares, adianta a CBS.
Questionado na Casa Branca pelos jornalistas sobre a acusação de Bolton, Trump disse não ter conhecimento dela, mas afirmou que o seu ex-conselheiro "é um mau tipo".
Na semana passada, após pressão de Trump, a procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, foi acusada de fraude hipotecária pela procuradoria federal.
"Combateremos vigorosamente estas acusações infundadas (...) E continuarei a fazer o meu trabalho", afirmou a procuradora-geral, cuja acusação tinha sido publicamente pedida por Trump à procuradora-geral Pam Bondi.
Segundo o canal norte-americano CNN, Letitia James estava sob investigação desde maio por causa de uma hipoteca de 2023 que fez para ajudar a sobrinha a comprar uma casa em Norfolk, Virgínia.
Os advogados de James admitem um erro no preenchimento de um documento, mas afirmam que o mesmo foi corrigido atempadamente e que não há sustentação mínima para a acusação, segundo a mesma fonte.
James ganhou em 2024 em Nova Iorque um processo civil por fraude contra Trump, os seus filhos adultos e a sua imobiliária, tendo o julgamento sido marcado por acesas trocas de palavras entre o então pré-candidato presidencial republicano e a procuradora nova-iorquina.
Antes da procuradora, o ex-diretor do FBI James Comey foi acusado de obstrução à justiça e perjúrio por um grande júri federal em Alexandria, estado da Virgínia.
A acusação decorre de um depoimento de Comey ao Comité Judiciário do Senado em setembro de 2020 sobre a investigação do FBI às ligações entre a campanha presidencial de Trump em 2016 e a Rússia.
O Departamento de Justiça abriu também uma investigação ao senador democrata da Califórnia Adam Schiff, que promoveu o processo de destituição presidencial pelo Congresso, após o assalto ao Capitólio em janeiro de 2021, do agora reeleito Presidente.
Os vários acusados foram mencionados numa mensagem de Trump à procuradora-geral, Pam Bondi, referindo adversários seus a investigar judicialmente, que o próprio Presidente publicou por acidente nas redes sociais, segundo noticiaram vários media.
Posteriormente apagada, a longa publicação de 20 de setembro era uma mensagem privada para Bondi, expressando insatisfação por não ver qualquer ação legal concreta contra os seus rivais políticos, segundo o Wall Street Journal.
Referindo-se ao facto de ele próprio ter sido acusado e submetido a processos de destituição várias vezes, Trump exigia "justiça, agora!".
Trump afirmou ainda que nomearia Lindsey Halligan, conselheira da Casa Branca, para exercer as funções de procuradora no Distrito Leste da Virgínia, substituindo Erik Seibert, que acreditava não ter reunido provas suficientes para sustentar acusações criminais contra Letitia James, após entrevistar dezenas de testemunhas.
Sem experiência como procuradora federal, Halligan apressou-se a apresentar o caso de Comey a um grande júri poucos dias depois de ser nomeada.