Um francês cuja mulher desapareceu durante a pandemia de covid-19 e cujo corpo nunca foi encontrado foi condenado a 30 anos de prisão, esta sexta-feira, por homicídio, num caso que chocou a França.
Cedric Jubillar, um pintor e estucador de 38 anos, afirmou que não tinha feito "absolutamente nada" à sua esposa, Delphine, uma enfermeira, cujo corpo nunca foi encontrado desde que desapareceu na zona rural do sul de França, em dezembro de 2020.
A sentença correspondeu ao pedido dos procuradores para o homem, que está detido desde 2021. Os advogados de Jubillar afirmaram que ele iria recorrer.
Quando o veredicto foi anunciado, a família e os entes queridos de Delphine abraçaram-se. Alguns começaram a chorar e um dos tios da vítima desmaiou.
"Estamos todos em choque após quatro anos de processos judiciais", afirmou o advogado Philippe Pressecq.
"Os jurados estiveram à altura da situação durante estas quatro semanas", acrescentou. "Foi porque acompanharam o caso de perto e (...) chegaram a uma decisão que não pode ser contestada".
Um júri na cidade de Albi, no sul do país, considerou Jubillar culpado pelo assassinato da mulher, depois de ela ter pedido o divórcio enquanto mantinha um caso com outro homem.
Os magistrados responsáveis pela investigação concluíram que um par de óculos partidos de Delphine, juntamente com o testemunho do filho do casal e os gritos ouvidos pelos vizinhos, indicam que uma discussão terá levado à sua morte.
Jubillar negou estas alegações.
Esconder o corpo onde "ninguém o encontraria"
Na semana passada, a mãe do homem e duas ex-namoradas prestaram depoimentos prejudiciais.
Nadine Jubillar, de 54 anos, contou que o seu filho havia ameaçado matar a esposa e esconder o corpo onde "ninguém o encontraria", poucas semanas antes de a vítima desaparecer, palavras que na época descartou como ditas num momento de raiva.
Jennifer, uma ex-namorada de Jubillar, afirmou que quando visitou o antigo companheiro na prisão, ele confessou ter estrangulado Delphine na casa do casal.
Severine, outra ex-parceira de Jubillar, também relata que o homem lhe contou que enterrou o corpo da esposa numa quinta incendiada e que o disse como se fosse uma piada.
Um treinador de cães pisteiros referiu, no julgamento, que a sua investigação revelou que Delphine saiu de casa e voltou antes do seu desaparecimento.
Um corpo não tem odor uma hora após a morte de uma pessoa, acrescentou o especialista, sugerindo que alguém pode ter removido os restos mortais após esse período.
Em 2023, 96 mulheres foram mortas pelos seus parceiros ou ex-parceiros em França, de acordo com dados oficiais. Isso equivale a uma mulher assassinada a cada 3,8 dias.