Um estudo publicado na revista científica "Osteoporosis International" confirmou a existência de microplásticos nos ossos humanos e alertou que as partículas podem causar o envelhecimento das células, noticiou na sexta-feira a agência EFE.
"Os microplásticos foram recentemente detetados no tecido ósseo humano. Nos últimos anos, estudos 'in vitro' (realizados em laboratório, fora do organismo) mostraram que os microplásticos (...) induzem a senescência (envelhecimento) celular", refere o estudo "Effects of microplastics on the bones: a comprehensive review" (em português, Efeitos dos Microplásticos nos Ossos: Uma Revisão Abrangente).
O estudo, baseado em investigações anteriores, demonstrou que os microplásticos fazem com que as células deixem de se dividir e percam a capacidade de regeneração.
O fenómeno provoca fragilidade e diminuição da densidade óssea, levando à osteoporose (formação de células que degradam o osso antigo para remodelação).
Os microplásticos levam ao stress oxidativo, um desequilíbrio entre os radicais livres (moléculas instáveis que danificam as células) e a capacidade do corpo neutralizar as partículas de plástico com antioxidantes, que protegem as células.
O stress oxidativo pode causar também cancro e inflamação (resposta do corpo que provoca inchaço, dor ou danos nos tecidos do organismo).
A presença de microplásticos e nanoplásticos nos ossos está também associada a doenças ósseas, como a osteoporose (uma doença em que os ossos perdem densidade e ficam mais frágeis, aumentando o risco de fraturas).
O estudo define o osso como um órgão endócrino, uma glândula que produz e liberta hormonas para a corrente sanguínea.
Os ossos contribuem para o "desenvolvimento de funções essenciais, como a homeostasia (processo que mantém o corpo estável) ", segundo os investigadores.
De acordo com o estudo, os ossos também regulam os órgãos do corpo, garantindo o funcionamento normal e a adaptação a várias doenças.
O estudo surgiu devido à preocupação com a informação limitada sobre o impacto da acumulação de microplásticos e nanoplásticos nos ossos e na medula óssea.
A organização espanhola Ecologistas em Ação, que partilhou a investigação no seu `site´ oficial, disse que as pessoas respiram "o equivalente a um cartão de crédito de plástico todos os anos".
A organização alertou também para a presença de microplásticos na placenta humana ou no cérebro.