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Apoio do PS a Seguro inevitável de olhos postos na segunda volta

António José Seguro é o único candidato da ala socialista Foto: José Coelho/Lusa

O PS prepara-se para aprovar, este domingo, o apoio à candidatura presidencial de António José Seguro, que já é visto como figura incontornável para representar a Esquerda numa segunda volta, apesar de não agradar a todos no partido. Bastante próximo do atual líder, o antigo secretário-geral vai a sufrágio interno, uma vez que a Comissão Nacional discutirá, em Penafiel, a proposta de José Luís Carneiro e de Carlos César para apoiar o único candidato da área socialista que avançou na corrida a Belém.

Quando a recente sondagem da Pitagórica para o JN/TSF e TVI/CNN o coloca em terceiro lugar após Gouveia e Melo e Marques Mendes, embora taco a taco com o antigo líder do PSD para uma segunda volta, Seguro insiste em manter uma distância estratégica face ao PS. "Tomo boa nota dessa notícia, mas não quero nem devo interferir na vida interna dos partidos políticos", disse, na quinta-feira, o candidato presidencial sobre o apoio que terá desta força política, da qual foi líder antes de António Costa.

Numa estratégia semelhante à de Jorge Sampaio, Seguro antecipou-se e foi para o terreno quando o partido ainda esperava que avançassem outros protagonistas. Isto apesar de ser alvo de duras críticas de camaradas socialistas, como de Augusto Santos Silva, que ponderou uma candidatura, mas acabou por não avançar. Pelo caminho também ficaram António Vitorino e Mário Centeno, para citar apenas alguns dos nomes que eram apontados para Belém.

Críticos resignam-se

A antiga ministra Mariana Vieira da Silva manteve, esta semana, a sua posição crítica, mas conformada. "Não desdigo o que disse sobre Seguro, mas agora não há alternativas para o PS", afirmou à Renascença.

João Soares, um dos maiores apoiantes da candidatura de Seguro desde a primeira hora, comentou ao JN o mais que previsível desfecho da reunião da Comissão Nacional. Certo de que aquele candidato é, de todos os que estão no terreno, "o que tem mais condições para exercer uma Presidência da República com a dignidade que se exige", o histórico socialista desvalorizou a formalização do apoio. Desde logo, considera que "ser ou não do PS é indiferente neste contexto", recordando que se trata de uma candidatura pessoal e não partidária.

"Se o PS optar, como espero e sempre esperei, por apoiar António José Seguro, não é negativo", referiu ao JN. Mas "não lhe faz falta", acrescentou João Soares, para quem Seguro "está muito bem colocado para ser o candidato da Esquerda democrática à segunda volta". Luísa Salgueiro, autarca de Matosinhos e líder da ANMP, manifestou ontem o apoio a Seguro.

As cinco desistências

Conheça as principais personalidades do PS que foram equacionadas, mas não avançaram para as Presidenciais.

Mário Centeno
Foi ministro das Finanças e governador do Banco de Portugal, até ao último dia 6.

António Vitorino
Antigo ministro da Defesa e da Presidência, foi, também, diretor da ONU para as migrações.

Augusto Santos Silva
Dirigiu cinco ministérios e, recentemente, foi presidente da Assembleia da República.

Ana Gomes
Candidata nas presidenciais de 2021, sobressaiu como eurodeputada e na soberania de Timor.

Sampaio da Nóvoa
Professor universitário, foi candidato derrotado nas eleições de 2016.

Carla Soares