A dificuldade de acesso à habitação é um dos problemas do país cuja resolução é mais premente. Tanto assim, que o tema entrou pela campanha das autárquicas adentro de forma tão densa que chegou a ocupar pelo menos um terço dos debates promovidos pela Comunicação Social. Os municípios podem ser parte da solução, sem dúvida. No entanto, há muitos outros fatores que podem influenciar o preço de compra de um imóvel ou de uma renda. O Estado central pode desenhar algumas políticas que propiciem a aquisição, mesmo que a preços ainda absurdamente altos. O aumento na procura por crédito à habitação, especialmente por parte de jovens até 35 anos (que representaram quase metade dos novos contratos no início de 2025), está a dinamizar o mercado. Medidas como a isenção de IMT têm estimulado a compra por este segmento etário.
Será que o Governo ou o poder local podem resolver tudo? Muito dificilmente isso acontecerá, até porque a fatia de leão está do lado dos privados. Numa declaração que passou um pouco despercebida durante a campanha das autárquicas, Pedro Duarte, que irá assumir em breve a presidência da Câmara do Porto, lembrou esse princípio da teoria económica. Mesmo que sejam dados todos os incentivos do Mundo aos investidores, ninguém garante que o preço médio das casas ou das rendas desça. Porquê? O nível de procura parece ser, para já, relativamente indiferente. Quanto mais se constrói e reabilita nas áreas metropolitanas, ou até nos municípios de média dimensão, mais tem aumentado a procura, por nacionais ou estrangeiros, mantendo o nível dos preços. Por outro lado, os construtores podem alegar que o custo dos materiais subiu. A procura de casa, por quem casa ou quer ser independente, ainda vai ser uma dor de cabeça por uns tempos, até que o mercado inverta o desequilíbrio, passando a oferta a ser muito superior ao número de candidatos à compra ou ao arrendamento.