Opinião

PJ, a Polícia dos duros

Há precisamente 80 anos, quando o Mundo vivia o rescaldo da loucura nazi, nasceu a Polícia Judiciária. Salazar tinha a ideia de que devia acompanhar as tendências do que lhe diziam que acontecia fora das fronteiras. A PIDE consolidara-se na função de dar porrada, de torturar e matar comunistas ou outros que aparecessem, era uma GESTAPO dos pobrezinhos, um albergue de sarrafeiros que chegavam da província com bafo a brilhantina. A PJ nasce há 80 anos da necessidade de resolver os crimes mais intrincados e, sem qualquer dúvida, o país seria pior sem o trabalho dos que arriscaram a vida, de alguns que a perderam em nome da guerra diária ao grande crime, às grandes trapaças, às mortes de sangue. Conheci vários inspetores, sei o que é trabalhar na PJ e a coragem de que precisam para se infiltrar, para seguir rastos de "maus" a sério, não daqueles que vemos nas séries. Conheci Leonel Marques, mítico "superpolícia", designação dada à sua lendária brigada. Sei as vezes que teve de mudar de casa com uma filha às costas, sei também de José Marques Vidal, meu amigo e ex-diretor-geral, homem destemido e inteligente que revolucionou a PJ estimulando a sua autonomia, sei e conheci a mítica Maria Alice de Setúbal que me dizem ter morrido por estes dias. A PJ faz anos e eu não posso deixar de celebrar estes homens e mulheres que continuam a viver na fronteira entre a vida e a morte, entre o bem e o mal, entre a sanidade e a loucura. O país precisa que alguém faça o trabalho duro. Não o esqueçamos.

Luís Osório