Um homem luso-brasileiro de 30 anos foi detido pela Polícia Judiciária por oferecer, nas redes sociais, um apartamento no centro de Lisboa a quem realizasse um "massacre" e exterminasse, pelo menos, cem brasileiros em Portugal, e ainda dar um "bónus adicional" de cem mil euros a quem atentasse contra a vida da jornalista brasileira Stefani Costa, a trabalhar no nosso país.
"A divulgação da referida publicação tornou-se viral, com enorme repercussão e alarme social, afetando gravemente o sentimento de tranquilidade, de segurança e da paz pública, gerando a indignação e o repúdio em vários quadrantes", informou, esta terça-feira, a Judiciária.
O detido, com antecedentes policiais por crimes de discriminação e incitamento ao ódio e à violência, e "a quem foram apreendidos vastos elementos de prova relativos ao seu radicalismo ideológico", será apresentado a tribunal na quarta-feira, onde ficará a conhecer as medidas de coação.
Em setembro, numa entrevista à TV Record, Stefani Costa relatou que o detido enviou-lhe uma fotografia com armas, acompanhadas de mensagens ameaçadoras dirigidas a ela e a uma colega jornalista. "Já tinha enviado outras mensagens agressivas, com um discurso de ódio e misoginia muito grandes", contou a jornalista do "Opera Mundi", da plataforma UOL.
Stefani Costa afirmou que, após os ataques, procurou apoio jurídico. "O meu advogado disse que ele tinha ultrapassado a linha e que precisávamos procurar a justiça", explicou, acrescentando que as ameaças não se limitaram ao ambiente virtual. "Já sofri agressão física na rua por um eleitor do Chega, apenas por ser brasileira. O meu prédio já foi invadido e vandalizado. É algo que sai da esfera virtual e atinge o meu quotidiano", denunciou.
Apesar do clima de intimidação, a repórter garantiu que não vai deixar de trabalhar no jornalismo. "Eles querem que a gente sinta medo, mas eu vou continuar a fazer o meu trabalho", concluiu.