Comissão e Parlamento pedem consenso para acabar com prática que "já não serve qualquer propósito".
A mudança da hora tem lugar na madrugada de amanhã para domingo - o relógio atrasa 60 minutos, às 2 horas da manhã - e, uma vez mais, o debate regressou ao Parlamento Europeu. Em 2019, o fim da mudança foi aprovado, mas nunca saiu do papel porque os estados-membros não chegaram a acordo sobre o horário definitivo - o Governo português foi, inclusive, contra o fim da mudança. Ontem, as instituições europeias pediram um consenso para acabar de vez com o acerto sazonal dos relógios.
"É um sistema que nos afeta a todos, que frustra a maioria e que prejudica as pessoas. Não produz poupanças energéticas para nenhum setor e tornou-se fonte de complicações desnecessárias para a sociedade", afirmou Apostolos Tzitzikostas, comissário dos Transportes Sustentáveis e Turismo, frisando que a prática "já não serve qualquer propósito".
Da parte dos grupos políticos, todos manifestaram apoio ao fim da mudança horária, um consenso que o político grego considerou único, pelo menos no presente mandato. Ainda assim, há quem tenha reservas. Durante o debate, o eurodeputado português João Oliveira, do PCP, defendeu que a decisão "não pode ser desligada das particularidades de cada país" e recusou qualquer "imposição da União Europeia nesta matéria". No início da semana, o Governo espanhol propôs à UE o fim definitivo da mudança, garantindo que a medida reúne "o apoio maioritário dos cidadãos espanhóis e europeus" e defendendo que, além de faltar "evidência científica na relação entre a mudança de hora e a poupança de energia", a alteração tem "efeitos negativos" no bem-estar dos cidadãos.
O atual regime é regulado por uma diretiva de 2000, que prevê que os relógios sejam, respetivamente, adiantados e atrasados uma hora no último domingo de março e no último domingo de outubro, marcando o início e o fim do horário de verão.