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Leonor assume voz geracional nos Prémios Princesa das Astúrias

Com 19 anos, a princesa das Astúrias mostrou segurança e empatia ao assumir um tom mais pessoal na cerimónia dos Prémios Princesa das Astúrias Foto: Ballesteros/EPA

Com humor e maturidade, a princesa das Astúrias conquistou Oviedo ao definir-se como "da geração Z e filha de uma X e um boomer". O discurso mais longo de Leonor revelou uma jovem consciente do seu tempo e do papel que começa a assumir.

O Teatro Campoamor, em Oviedo, voltou esta sexta-feira a ser palco de uma das cerimónias mais emblemáticas de Espanha. Aos 19 anos, a princesa Leonor apresentou-se com uma confiança inédita e um tom pessoal que marcou a 44.ª edição dos Prémios Princesa das Astúrias.

"Vivemos na economia da atenção", observou, antes de justificar a escolha de dirigir uma carta simbólica a cada premiado. "Uma carta permite parar, aprofundar e pensar mais." O gesto, simples e simbólico, deu ao discurso um tom intimista e surpreendentemente moderno.

Entre o humor e a responsabilidade

Com esta "carta de viva voz", Leonor quis sublinhar o valor do tempo e da escuta num mundo de pressa e distração. A Mario Draghi, antigo presidente do Banco Central Europeu, reconheceu "a defesa dos valores europeus e da solidariedade entre países". À tenista Serena Williams dirigiu palavras de admiração: "Ninguém entenderia o ténis sem ti."

Recordou também a irmã, a infanta Sofia, ao afirmar que "as irmãs cúmplices são as grandes companheiras de viagem", e elogiou a fotógrafa mexicana Graciela Iturbide, "uma artista sem pressa, com vocação de escritora". Já ao Museu Nacional de Antropologia do México agradeceu o trabalho de preservação "do legado pré-hispânico e da cultura indígena".

Na reta final, Leonor deixou uma mensagem que ressoou como um apelo: "A convivência não é fácil, mas é o único caminho para alcançar o progresso partilhado. Confiar na liberdade frente ao medo, na justiça frente à arbitrariedade e na democracia diante da intolerância."

O público levantou-se para a aplaudir. No Teatro Campoamor, ficou a sensação de que a princesa das Astúrias começa a encontrar o seu lugar entre gerações, com uma voz própria e um sentido de dever que já se faz notar.

Sara Oliveira