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Mais de 50 mil marcham em Valência para exigir demissão do presidente do Governo regional

Manifestantes erguem faixas durante uma marcha para assinalar o primeiro aniversário das cheias mortais do ano passado e exigir responsabilização em Valência Foto: Jose Jordan / AFP

Mais de 50 mil pessoas manifestaram-se este sábado em Valência, Espanha, exigindo a demissão do presidente do Governo autónomo da Comunidade Valenciana devido à forma como lidou com as cheias de outubro de 2024, que causou 229 mortes.

A 12.ª manifestação consecutiva contra Carlos Mazón, convocada por mais de 200 organizações sociais, cívicas e sindicais, começou às 18.30 horas (uma hora a menos em Portugal continental) na Plaza de San Agustín, com palavras de ordem como "Mazón, demite-te" e "O presidente para Picasent", numa referência à prisão que funciona nessa localidade. Familiares das vítimas lideraram o cortejo, precedidos por três tratores, simbolizando a força rural afetada pela tragédia.

O protesto marca um ano de manifestações contra o presidente da Generalitat, Carlos Mazón, acusado de negligência na gestão da catástrofe de 29 de outubro de 2024. Os manifestantes denunciaram a ausência de responsabilidade política e exigiram justiça pelas vidas perdidas.

"O alarme soou praticamente ao mesmo tempo que todos se afogavam", lamentou à agência France-Presse (AFP) Rosa Álvarez, presidente de uma associação de vítimas, que perdeu o pai na tragédia. O percurso terminou junto ao Palau da Generalitat, sede do Governo regional.

A disputa entre o Governo central de Esquerda e o Executivo regional de Direita sobre responsabilidades na gestão da crise continua a alimentar o descontentamento popular. Segundo uma sondagem publicada pelo jornal "El País", 71% dos residentes de Valência acreditam que Mazón, do Partido Popular, deve demitir-se.

O presidente da Generalitat tem-se defendido, alegando que a dimensão do fenómeno climático era imprevisível e culpando o Governo espanhol pela resposta insuficiente. As suas ações no dia da tragédia continuam sob escrutínio mediático.

Na próxima quarta-feira, está previsto um funeral de Estado em homenagem às vítimas, com a presença do primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, e do rei Felipe VI.

JN/Agências