Justiça

Polícia brasileiro que se apropriou de droga apreendida tinha-se escondido em Almada

Na sequência da detenção, o polícia suspeito de corrupção foi, nesta quinta-feira, interrogado no Tribunal da Relação de Lisboa Foto: Maria João Gala

Um polícia brasileiro suspeito de ficar com parte da droga que apreendia para traficar escondeu-se em Portugal e vivia, há mais de três meses, na casa da mãe e da irmã. As duas mulheres há vários anos que estão radicadas em Almada e prestavam apoio ao fugitivo, que ia fazendo uns biscates na construção civil para ganhar algum dinheiro. O polícia vai aguardar a conclusão do processo de extradição em prisão preventiva.

Até julho deste ano, o brasileiro, de 39 anos, integrava a Polícia Civil do Estado de São Paulo, mas teve de fugir à pressa do país. Uma investigação identificou-o como um dos elementos de um grupo de polícias suspeito de ficar com parte da droga que apreendiam durante as operações. Essa droga era depois vendida a traficantes, que a comercializavam nas ruas.

Paraguai, Espanha, Portugal

Assim que soube que era um dos suspeitos, e para evitar ser detido, o polícia fugiu do Brasil. Primeiro, rumou ao Paraguai e, depois, embarcou num avião com destino a Espanha. A fuga continuou de carro até Almada, onde chegou ainda durante o mês de julho.

Em nenhuma das fronteiras o polícia foi detido, porque, nesse mês, ainda não havia um mandado de detenção internacional com o seu nome. O documento seria emitido pelas autoridades brasileiras em setembro e só nessa altura é que a Polícia Judiciária começou a procurá-lo.

Os inspetores da Unidade de Informação Criminal viriam a localizá-lo em Almada, nesta semana. Estava a viver na casa da mãe e da irmã, que há vários anos abandonaram o Brasil para se fixarem em Portugal e já têm a sua situação legalizada em território nacional. Eram estas que lhe prestavam apoio para, juntamente com algum dinheiro que o polícia obtinha com pequenos trabalhos nas obras, ir sobrevivendo deste lado do Oceano Atlântico.

Na sequência da detenção, o polícia foi, nesta quinta-feira, interrogado no Tribunal da Relação de Lisboa e, no final, o juiz desembargador decretou a sua prisão preventiva. É, portanto, atrás das grades, que via esperar a conclusão do processo de extradição para o Brasil.

Roberto Bessa Moreira