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Indemnizações às vítimas de abusos sexuais na Igreja adiadas para 2026

José Ornelas, presidente da CEP Foto: Nuno Brites

O processo de compensação financeira às vítimas de abuso sexual no seio da Igreja não deverá ficar concluído até ao final do ano, como previa a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). O atraso foi admitido, esta segunda-feira, por José Ornelas, presidente do órgão máximo dos bispos, na abertura da Assembleia Plenária do episcopado, que decorre em Fátima, até quinta-feira, e na qual será aprovada a constituição do fundo para o pagamento das indemnizações.

Segundo José Ornelas, o atraso na conclusão do processo deve-se ao alargamento do prazo para "acolher mais alguns pedidos", à remarcação de entrevistas das Comissões de Instrução "devido às dificuldades de deslocação de alguns interessados" e ao volume de pedidos a ser analisado pela Comissão de Fixação da Compensação.

Para já, e segundo garantiu uma fonte ligada ao processo, não há uma proposta de valor de indemnização, uma vez que aquela comissão ainda está a analisar os pedidos. Certo é que as compensações serão pagas pelo um fundo a constituir pela CEP, "com o contributo solidário das dioceses e dos Institutos de Vida Consagrada", adiantou José Ornelas, frisando que o objetivo é "garantir às vítimas uma reparação extrajudicial que seja equitativa".

"É claro para todos que estamos num caminho que não voltará atrás. Apesar do muito trabalho ainda a fazer para garantir uma Igreja cada vez mais segura, a transparência, proteção e cuidado dos mais frágeis estão a tornar-se numa cultura permanente", assegurou o presidente da CEP, na mensagem de abertura da assembleia plenária.

Critica "ideologias extremistas"

Na intervenção, José Ornelas pronunciou-se também sobre a situação política e social do país, com críticas aos "discursos polarizados e ideologias extremistas". Frisando "nenhum projeto humano se pode erguer sobre a divisão, o insulto ou o ódio", José Ornelas disse que é preciso "rejeitar as palavras fáceis que prometem soluções rápidas, mas que alimentam ressentimentos e destroem pontes".

"É urgente que os homens e as mulheres que servem na política busquem mais consensos, se comprometam verdadeiramente com o bem comum e procurem garantir a paz social, na dignidade e na justiça", reforçou.

Maria Anabela Silva