Praça da Liberdade

Transferências

É compreensível que Jorge Sobrado, recém-eleito vereador da Câmara Municipal do Porto, não sendo militante, sinta mais paixão pelo Porto que pelo Partido Socialista.

Ainda é mais fácil de entender que Pedro Duarte e o PSD vejam o seu ingresso no executivo PSD-CDS-IL como aquisição preciosa, ao garantir uma maioria estável que os desobriga de negociações com a oposição (algo que não seria menos democrático, nem necessariamente menos interessante para a cidade).

Não é nada novo no Porto. Aconteceu com outros "independentes", seja das listas do PS, caso de Catarina Santos Cunha, seja das do PSD, com Ricardo Valente. Além disso, é "interessante" ver esta transferência aplaudida pelo PSD e criticada pelo PS, quando ocorre o inverso em Bragança, onde a presidente Isabel Ferreira (PS) conta na sua equipa com Ricardo Pinto, eleito nas listas do PSD.

Não é habitual escrever aqui sobre estas coisas, ditas da "politiquice". Resolvi fazê-lo porque, tal como cartazes abjetos, mentiras, contradições e opacidade, estas transferências afetam a credibilidade da política e dos políticos. E isso é preocupante, independentemente das simpatias partidárias e das pessoas em causa. Além disso, lamento que esta prática possa levar a que haja menos não militantes em listas futuras, dada a maior probabilidade destes para, após eleições, traírem os seus colegas de lista e o conjunto dos cidadãos que votaram na força política que integravam, passando a servir quem antes era adversário.

José A. Rio Fernandes