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Acusado de 142 crimes, principal rival de Erdogan arrisca pena de mais de dois mil anos de prisão

Ekrem Imamoglu foi suspenso do cargo após ser detido em março sob suspeita de "corrupção" e considerado pela justiça turca como líder de uma organização criminosa Foto: Yasin Akgul/AFP

O presidente da câmara de Istambul, figura de destaque da oposição e principal rival do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, foi formalmente acusado de 142 infrações, indicou esta terça-feira o Ministério Público da cidade.

Segundo os meios de comunicação turcos, Ekrem Imamoglu, suspenso do cargo após ser detido em março sob suspeita de "corrupção" e considerado pela justiça turca como líder de uma organização criminosa, arrisca penas que podem chegar aos 2352 anos de prisão.

Segundo o Ministério Público turco, Imamoglu, que liderou a autarquia desde 2019, atua há dez anos como "chefe de um grupo" dedicado a crimes económicos.

Entre os crimes enumerados, que envolvem 402 suspeitos, estão subornos, fraude, desfalques, manipulação de concursos públicos e cobrança de comissões ilegais.

Segundo a imprensa estatal turca, na acusação com mais de 3.700 páginas, o Ministério Público pede entre 828 e 2.352 anos de prisão para Imamoglu.

Desde que foi detido, Imamoglu, já condenado por insultar o procurador-geral da cidade, Akin Gurlek, que apresentou o libelo acusatório, nega todas as acusações.

Um total de 402 suspeitos acusados de terem formado uma organização criminosa é visado pela acusação. Entre eles encontram-se colaboradores próximos do presidente da câmara de Istambul, que foram detidos ao mesmo tempo que Imamoglu, a 19 de março passado.

O procurador-geral de Istambul, que descreve esta rede como uma "polvo", afirmou hoje que esta causou prejuízos de 160 mil milhões de liras turcas (3300 milhões de euros) ao Estado turco ao longo de uma década.

Em abril passado, Ozgur Ozel, líder do Partido Republicano do Povo (CHP), o maior da oposição turca, repudiou a detenção de Imamoglu, argumentando tratar-se de "uma manobra política" de Erdogan para o afastar da corrida presidencial previstas para maio de 2028.

Ozel defendeu a realização de eleições presidenciais antecipadas. "Erdogan levou a cabo um golpe de Estado contra o próximo presidente da Turquia, o nosso candidato presidencial. É por isso que a nossa resistência e a nossa luta vão continuar até ao fim", declarou Ozel, numa referência a Imamoglu, defendendo, ao mesmo tempo, a antecipação das presidenciais.

Na ocasião, Ozel pediu a libertação imediata de Imamoglu e adiantou que o CHP lançou uma petição para o efeito que já recolheu 7,2 milhões de assinaturas em todo o país de 85 milhões de habitantes.

"Vamos impor a Erdogan o maior voto de censura da história", afirmou então Ozel, cujo partido venceu as eleições autárquicas do ano passado, segurando 35 das 81 capitais de província, mais 11 do que o Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder desde 2002.

JN/Agências