Os congressistas democratas da Câmara de Representantes norte-americana vão apresentar legislação para prolongar por três anos os benefícios da Lei de Acesso à Saúde (Obamacare), que expirarão no final deste ano após ficarem fora do plano de reabertura do governo.
O líder da minoria na Câmara de Representantes, Hakeem Jeffries afirmou que o projeto de lei para estender os créditos fiscais do Obamacare irá "garantir que dezenas de milhões de americanos não enfrentam um aumento drástico nos prémios, comparticipações e franquias" no acesso a cuidados de saúde.
Contudo, é improvável que a medida seja aprovada, uma vez que os republicanos, que controlam ambas as câmaras do Congresso, recusaram-se até agora a alargar a cobertura do programa de saúde sem discussões prévias.
Jeffries falava à porta do Capitólio horas antes da votação na câmara baixa do Congresso da proposta aprovada pelo Senado para pôr fim à paralisação governamental mais longa da história do país, após um acordo entre republicanos e oito senadores democratas.
"Independentemente do que acontecer mais tarde na Câmara, a nossa promessa continua hoje a ser a mesma: os democratas da Câmara continuarão a lutar para tornar o vosso dia a dia menos dispendioso", declarou o líder.
O legislador afirmou que esta luta "não acabou, apenas começou" e acusou os congressistas republicanos de agirem como "uma subsidiária integral do cartel corrupto de [Donald] Trump", presidente norte-americano.
Durante os 43 dias de paralisação do governo, a prorrogação dos benefícios do Obamacare para utentes tem sido o principal ponto de discórdia nas negociações no Senado.
Se os subsídios não forem renovados antes do final do ano, os beneficiários poderão acabar por pagar até o dobro do que pagam atualmente.
Os democratas recusaram-se a aprovar uma prorrogação temporária do financiamento do governo federal que não incluísse a manutenção da cobertura, enquanto os republicanos os acusaram de quererem prestar assistência médica aos imigrantes indocumentados e instaram-nos a reabrir o governo e depois negociar.
O impasse foi ultrapassado após um grupo de senadores democratas quebrar a disciplina partidária na segunda-feira, dando aos republicanos a oportunidade de contornar a lei para reabrir o governo.
Após um dia de oito votações, o Senado aprovou, na última segunda-feira, o acordo de financiamento provisório, com 60 votos a favor e 40 contra.
Os oito democratas que romperam com o voto partidário e permitiram que o pacote avançasse foram Catherine Cortez Masto, Jacky Rosen, John Fetterman, Maggie Hassan, Jeanne Shaheen, Tim Kaine, Dick Durbin e o independente Angus King.
Um dos elementos-chave do acordo para reabrir o governo é a promessa republicana de realizar até meados de dezembro uma votação sobre o Obamacare.
A Câmara votará esta tarde o projeto de lei aprovado pelo Senado, que deverá ser aprovado apesar da estreita maioria republicana.
Jeffries afirmou que os democratas se lhe vão opor porque a legislação não aborda a "crise de saúde" que o país enfrenta.
O presidente dos Estados Unidos espera promulgar já esta noite uma lei que ponha fim à paralisação orçamental recorde no país, disse a sua porta-voz Karoline Leavitt.
Donald Trump "alegra-se por pôr fim a este 'shutdown' devastador causado pelos democratas e esperamos que esta assinatura ocorra esta noite", declarou Leavitt numa conferência de imprensa na Casa Branca.