Pouco mais de metade da população portuguesa estava satisfeita com a disponibilidade de cuidados de saúde de qualidade, percentagem inferior à média de 64% dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
A conclusão consta do relatório "Panorama da Saúde" de 2025, publicado, esta quinta-feira, pela organização composta por 38 países membros e que disponibiliza dados sobre a saúde da população e o desempenho do setor.
O documento salienta que Portugal apresenta um desempenho superior à média da OCDE em cinco dos 10 principais indicadores que medem o acesso e a qualidade dos cuidados.
Em Portugal, toda a população tem acesso a um conjunto básico de serviços, mas apenas 58% estava satisfeita com a disponibilidade de cuidados de saúde de qualidade, adianta o relatório, apontando que 2,4% da população manifestou necessidades de saúde não satisfeitas, inferior à média da OCDE de 3,4%.
Quanto à qualidade da assistência, o documento adianta que 99% das crianças com um ano de idade foram vacinadas contra a difteria, tétano e tosse convulsa em Portugal, percentagem superior à média da OCDE, e 56% das mulheres portuguesas realizaram o rastreio do cancro da mama, percentagem semelhante à média de 55%.
No país registaram-se 236 internamentos evitáveis por 100 mil habitantes, menos do que a média dos vários países de 473, enquanto a mortalidade aos 30 dias após um enfarte agudo do miocárdio foi de 7,1% (média da OCDE de 6,5%) e de 9,3% após um acidente vascular cerebral (7,7%).
Quanto aos recursos do sistema de saúde, o relatório indica que Portugal gasta 5212 dólares (cerca de 4500 euros) per capita em cuidados de saúde, menos do que a média da OCDE de 5967 dólares (5151 euros), o que equivale a 10,2% do PIB.
Em 2024, os países da OCDE gastaram 9,3% do seu PIB em saúde, um valor inferior ao pico atingido durante a covid-19, mas superior aos níveis pré-pandemia.
As projeções apontam para um crescimento de 1,5 pontos percentuais das despesas públicas em percentagem do PIB até 2045, impulsionado pelas mudanças tecnológicas, pelas expectativas em relação ao que os cuidados de saúde podem alcançar e pelo envelhecimento da população, refere o relatório.
Mais médicos, menos emfermeiros
De acordo com os dados agora divulgados, existem 5,8 médicos por mil habitantes em Portugal, acima da média de 3,9, assim como 7,6 enfermeiros, abaixo da média de 9,2 do conjunto dos países analisados. A OCDE alerta que esses números de Portugal sobre os médicos podem estar sobrestimados, uma vez que incluem todos os que estão licenciados e não apenas os que estão a praticar.
Segundo a organização, a força de trabalho na área da saúde está a crescer, existindo cerca de um em cada nove empregos na área da saúde ou da assistência social, em média, nos países da OCDE.
Em Portugal, a esperança de vida é de 82,5 anos, 1,4 anos acima da média da OCDE. Ao nível global, a esperança de vida recuperou e está numa trajetória ascendente, situando-se nos 81,1 anos nos países da OCDE em 2023.
A mortalidade evitável foi de 117 por 100 mil habitantes em Portugal, inferior à média de 145, com a mortalidade tratável a ficar em 63 por 100 mil habitantes, também mais baixa do que a média de 77.
A taxa de suicídio foi de oito por 100 mil habitantes em Portugal, em comparação com a média da OCDE de 11 mortes, e 12,1% das pessoas classificaram a sua saúde como má ou muito má.
A prevalência do tabagismo diário em Portugal - de 14,2% - é inferior à da OCDE de 14,8%, mas o consumo de álcool regista um valor superior à média, com 11,9 litros per capita em Portugal contra 8,5.
Mais de metade dos adultos portugueses - 56% - não praticavam atividade física suficiente, percentagem superior à média da OCDE de 30%, e a prevalência de obesidade autodeclarada foi de 16% em Portugal, inferior à média da OCDE de 19%.