O meu puto mais velho gosta de estendais, gosta de estender roupa e de a apanhar, mostrando uma perícia que só não me faz inveja porque, na lide doméstica, prefiro tratar da louça, apesar das dezenas de copos e pratos que já sucumbiram à minha falta de destreza. Mesmo sendo avesso ao manuseamento da roupa, não pude deixar de esboçar um sorriso quando, numa noite destas, ao passar na Rua das Flores, levantei os olhos e vi umas calças e uma camisola estendidas numa varanda. Aquele assomo de vida quotidiana no centro de uma cidade que tem cada vez menos moradores renovou-me a esperança num futuro em que não esteja tudo voltado só para quem nos visita. Graças ao turismo, o centro do Porto escapou à decadência, mas como dizia a minha avó, que lavava roupa no tanque, o que é demais é erro.