Luís Louro condecorado com a Ordem de Mérito pelo presidente da República. "É maravilhoso ver o nosso trabalho reconhecido", diz o criador da BD "Corvo", que celebra 40 anos de carreira.
Luís Louro foi distinguido com a Comenda da Ordem do Mérito por Marcelo Rebelo de Sousa, encerrando da melhor forma o ano em que o autor de BD comemora 40 anos de criações ímpares como Jim del Monaco, o Corvo ou Roques e Folques.
A cerimónia decorreu este fim de semana no Palácio de Belém, em Lisboa, e o presidente da República designou Luís Louro como "um criador solitário", aludindo ao tempo passado sozinho em frente às páginas que desenha.
Quando entregou a distinção honorífica que reconhece quem se destaca por serviços meritórios em favor da coletividade, Marcelo admitiu que a BD é "um domínio desconhecido por muitos" mas que os criadores portugueses devem "fazer do melhor do Mundo - não o melhor de Portugal, mas da Europa e do Mundo, no traço e no argumento".
"Nunca imaginei algo assim"
Luís Louro, em declarações exclusivas ao JN, classificou a situação como "impensável!", acrescentando: "Nunca imaginei algo assim, ver o meu trabalho reconhecido desta forma pelo senhor Presidente da República e pelo meu país".
E continuou: "Orgulho? Gratidão?... Nem sei o que dizer... É maravilhoso ver o nosso trabalho reconhecido". Luís Louro alargou a distinção "evidentemente à banda desenhada portuguesa! Ouvir da boca do presidente da República as palavras banda desenhada, num contexto destes, foi maravilhoso".
A publicar BD desde 1985
A estreia de Luís Louro, nascido há 60 anos, deu-se no "Mundo de Aventuras" n.° 548, de 1 de abril de 1985, com a história "Estupiditia 2", com argumento de António José Simões.
Da sua bibliografia constam as aventuras do Corvo, um desajeitado super-herói bem português, e obras como "Alice", "Dante" ou "Os filhos de Baba Yaga".
Este último, uma história de terror e violência sobre crianças órfãs que tentam sobreviver nas estepes geladas russas durante a II Guerra, lançado em maio, tem já a terceira edição em preparação.
O álbum "Os filhos de Baba Yaga" foi ainda distinguido com o prémio da Melhor Banda Desenhada de Autor Português, pelo Festival Amadora BD 2025, que, no ano transato, tinha já concedido a Luís Louro o Troféu de Honra pela sua carreira.