Cultura

"Cão sozinho" vence Cinanima e agora vai à seleção dos Óscares

"Cão sozinho" tem um "estilo visual muito original", diz o júri do Festival de Cinema de Animação de Espinho - Cinanima FOTO: DR

Curta-metragem de animação de Marta Reis Andrade conta história real de um animal abandonado pelo dono.

A realizadora portuguesa Marta Reis Andrade venceu o Grande Prémio Cinanima 2025, com a história real da curta-metragem "Cão sozinho", o que lhe confere direito a disputar a pré-seleção de filmes animados candidatos aos Óscares norte-americanos.

"Cão sozinho", coprodução luso-francesa, salientou-se entre as 30 curtas-metragens da sua categoria por apresentar num "estilo visual muito distinto e original", disse o júri do festival de Espinho.

A obra conta em 13 minutos a história verídica de um cão deixado ao abandono na sua própria casa, precisamente quando o avô da realizadora ficou viúvo e ela própria regressava de uma temporada em Londres, onde sentiu grande solidão.

Nas longas-metragens em disputa no 49.° Cinanima, que terminou este fim de semana, venceu o alemão Heinrich Sabl, com a obra franco-alemã "Memory Hotel", que o júri considerou "tão relevante hoje como no final da II Guerra Mundial" pela forma como aborda em 100 minutos, com recurso à técnica "stop motion", o "trauma persistente" de uma jovem perante os efeitos da ocupação alemã e soviética.

Meditações e migrantes

O Prémio António Gaio, que distingue a melhor curta nacional, coube a "Wildflower", de Carina Pierro Corso, realizadora brasileira radicada em Portugal. O júri descreve-a assim: "Retrata uma meditação experimental e harmoniosa sobre as decisões que tomamos ao longo da vida, fazendo-nos refletir sobre o que realmente devemos levar connosco".

Outro filme premiado no Cinanima foi a curta de 12 minutos "Porque hoje é sábado", da portuguesa Alice Eça Guimarães, coprodução entre Portugal, França e Espanha, que venceu o Prémio do Público e o de Melhor Argumento.

"Bus", filme franco-belga da realizadora polaca Sylwia Szkiladz, obteve o Prémio Especial do Júri, que nele apreciou "a viagem pelo imaginário" de uma menina de 8 anos que deixa a Polónia rumo à Bélgica, num "retrato sensível sobre a realidade migratória".

Ainda na secção de curtas, a francesa Natalia León destacou-se com "As if the Earth had swallowed them up" na nova competição "All Aboard".

Quanto aos filmes produzidos por estudantes, o Prémio Gaston Roch foi atribuído a "Between the gaps", do francês Martin Bonnin, que, em quatro minutos, explora sentimentos antigos recuperados por um telefonema e fá-lo "num registo bem construído, visual e narrativamente simples, porém, magistral".

O 49.° Cinanima teve 110 filmes em competição, selecionados entre 2231, de 148 países.

JN/Agências