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Polónia denuncia ato de sabotagem em linha ferroviária. NATO reage com prudência

Foto: Wojtek Radwanski/AFP

Uma linha ferroviária do sudeste da Polónia foi danificada no domingo por uma explosão que as autoridades determinaram ser um ato de sabotagem, anunciou o primeiro-ministro Donald Tusk.

"Infelizmente, os piores receios confirmaram-se. (...) Uma explosão destruiu a linha férrea", disse Tusk num comunicado, citado pela agência de notícias norte-americana The Associated Press (AP).

O incidente ocorreu na zona de Mika, no troço Varsóvia-Lublin, e afetou uma linha de transporte de passageiros, segundo o primeiro-ministro polaco.

Dois passageiros e vários membros do pessoal da companhia ferroviária seguiam no comboio, mas não há registo de feridos, disseram as autoridades. Um maquinista na linha entre Varsóvia e Lublin relatou irregularidades na via no domingo de manhã.

Uma inspeção mais aprofundada determinou que havia danos numa secção da linha perto da localidade Mika, cerca de 100 quilómetros a sudeste de Varsóvia, e noutra zona do troço.

Os responsáveis serão apanhados "independentemente de quem estiver por trás deles", disse Tusk, que classificou o incidente como um "ato de sabotagem sem precedentes".

As autoridades polacas detiveram dezenas de pessoas por suspeita de sabotagem e espionagem desde a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022.

Num outro comunicado, o Governo anunciou hoje a reabertura de dois postos fronteiriços com a Bielorrússia que estavam encerrados há vários anos devido a um significativo afluxo de migrantes e às tensões com Minsk, um aliado de Moscovo. Trata-se dos postos em Kuznica Bialostocka e Bobrowniki, disse o porta-voz da polícia de fronteira, Andrzej Juzwiak, à agência de notícias France-Presse (AFP).

"O Governo responde às expectativas dos habitantes e dos empresários [da região], incluindo transportadoras", que sofreram as consequências económicas do encerramento da fronteira, referiu o Ministério do Interior polaco num comunicado.

Segundo o Governo, as passagens puderam ser reabertas por a segurança na fronteira oriental da Polónia e da União Europeia ter sido, desde então, "garantida como nunca". "O tráfego foi retomado" nas duas passagens, anunciaram os guardas fronteiriços e a alfândega da Bielorrússia nas redes sociais.

A partir de agora, os camionistas podem atravessar a fronteira polaco-bielorrussa por três postos: Kuznica Bialostocka, Bobrowniki e Terespol.

O de Terespol foi provisoriamente fechado pela Polónia na sequência de exercícios militares russo-bielorrussos organizados em setembro perto do território polaco, disse o porta-voz da polícia de fronteira.

Também em setembro, 21 drones russos, provenientes da Bielorrússia e da Ucrânia, penetraram no espaço aéreo polaco, o que deteriorou ainda mais as relações de Varsóvia com Moscovo e o Minsk.

As relações da Polónia com os dois países têm-se agravado desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, há quase quatro anos.

A vizinha Lituânia, que encerrou recentemente as duas últimas passagens na fronteira com a Bielorrússia, devido a intrusões massivas de balões usados para contrabando, tenciona reabri-las em 30 de novembro.

Muitos camiões permanecem bloqueados no lado bielorrusso da fronteira desde então.

Von der Leyen alerta para aumento de ameaças

A presidente da Comissão Europeia advertiu que as ameaças à segurança da União Europeia (UE) "são reais e estão a aumentar", exortando o bloco comunitário europeu a aumentar "urgentemente a capacidade de proteção dos céus e infraestruturas".

"As ameaças à nossa segurança são reais e estão a aumentar", escreveu Ursula von der Leyen nas redes sociais, alertando que a UE tem de "aumentar urgentemente a capacidade de proteção dos céus e infraestruturas".

A presidente do executivo político-económico europeu acrescentou que a Polónia "é o país que mais investe" na área da defesa entre os 27 países do bloco comunitário: "Por essa razão, vai ser o principal beneficiário do Programa de Ação para uma Europa Segura [SAFE, na sigla em inglês]".

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, pediu para se aguardar a investigação das autoridades da Polónia à sabotagem de uma linha ferroviária usada para enviar ajuda e armamento para a Ucrânia. "Estamos em contacto estreito com as autoridades polacas, num contacto intenso sobre este assunto", afirmou Rutte numa conferência de imprensa na sede da NATO, em Bruxelas, após uma reunião com o Presidente finlandês, Alexander Stubb.

Rutte disse ser necessário aguardar "os resultados da investigação" em curso, sem querer nomear suspeitos do ataque às infraestruturas polacas, segundo a agência de notícias espanhola Europa Press.

JN/Agências