Uma médica do Porto foi detida pela Polícia Judiciária por suspeitas de ter passado, desde 2014, receitas, equivalentes a três milhões de euros, de medicamentos destinados a diabéticos, mas que eram destinados a pessoas que queriam emagrecer.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, a PJ está a realizar buscas na clínica, "E'sensia", situada na zona do Estádio do Bessa, no Porto, onde a médica, Graça Vargas, trabalhava.
O JN sabe que o inquérito que visa a médica foi instaurado pelo Ministério Público, em 2020.
Em causa estão suspeitas de que Graça Vargas proporcione a pessoas que queiram emagrecer receitas de medicamentos como o Ozempic. Estes medicamentos são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde apenas quando prescritos para a gestão e controlo da diabete.
A médica deverá ser indiciada por crimes de burla e falsidade informática.
Em comunicado, a PJ esclareceu que "nesta investigação foram recolhidos fortes indícios da participação de duas médicas, um advogado e uma clínica médica no referido esquema", revelando ainda que "a comparticipação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para este tipo de medicação pode atingir os 95% do seu valor, se o doente for de facto diabético".
Assim, ao prescrever estes medicamentos a pessoas que não padecem da doença, Graça Vargas e a outra médica, que não foi detida, são suspeitas de introduzir "dados falsos no software de prescrição".
A operação, batizada "Obélix", levaram à realização de buscas nas casas dos principais suspeitos, num escritório de advogados, na clínica e na sede de duas empresas, em Albufeira e no Funchal, que seriam sociedade de "fachada". Também foram buscados gabinetes de contabilidade em Santa Maria da Feira e Lousada.
"O inquérito que se encontra em investigação na Diretoria do Norte da PJ tem igualmente conexão com um inquérito que investiga o crime de fraude fiscal com os mesmos suspeitos, o qual corre termos no DIAP de Santa Maria da Feira e que é investigado pela Autoridade Tributária, pelo que as diligências foram realizadas em coordenação entre a Polícia Judiciária e a Autoridade Tributária", explicou ainda a PJ, que mobilizou 40 operacionais para a operação "Obélix", nas cidades do Porto, Vila Nova de Gaia, Lousada, Santa Maria da Feira, Albufeira e Funchal.