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Ex-eurodeputado britânico condenado a dez anos por corrupção após apoio pró-Rússia

Um ex-deputado europeu do partido pró-Brexit Ukip, Nathan Gill Foto: Niklas Halle'n / AFP

Um ex-deputado europeu do partido pró-Brexit Ukip, Nathan Gill, foi condenado esta sexta-feira em Londres a dez anos e meio de prisão por ter aceitado subornos no âmbito de uma campanha de influência pró-Rússia no Parlamento Europeu.

"A sua conduta comprometeu fundamentalmente a integridade de um órgão legislativo supranacional", declarou a juíza, Bobbie Chema-Grubb, durante a leiura da sentença no Tribunal Criminal Central de Londres, mais conhecido como Old Bailey.

Nathan Gill, de 52 anos, deputado europeu de 2014 a 2020 pelo Ukip, fez declarações pró-Rússia no Parlamento Europeu e nos meios de comunicação social em troca de remuneração.

Ele reconheceu oito dos atos de corrupção de que era acusado, ocorridos em 2018 e 2019, quando aceitou subornos de um político ucraniano pró-Rússia em troca de declarações que apoiavam narrativas pró-Rússia.

O comandante Dominic Murphy, chefe do Comando Antiterrorismo da Polícia Metropolitana, que liderou a investigação, lamentou que "em vez de cuidar dos interesses dos seus eleitores e dos interesses do Reino Unido", Gill estivesse "mais preocupado em ganhar dinheiro para si próprio, vendendo comentários e opiniões que apoiavam as atividades do Estado russo na Ucrânia".

Gill foi detido em Manchester 2021 antes de embarcar num voo para Moscovo, interrogado e o telemóvel confiscado, tendo a polícia encontrado mensagens com um político pró-Rússia na Ucrânia, Oleg Voloshyn, nas quais aceitava, em troca de dinheiro, fazer certas declarações de apoio à presença de meios de comunicação pró-Rússia na Ucrânia.

Voloshyn também subornou Gill para que criticasse a investigação criminal sobre o político pró-Rússia Viktor Medvedchuk, que estava a ser investigado por traição na Ucrânia na altura.

Algumas das mensagens entre os dois pareciam estar codificadas, referindo-se à troca de "presentes de Natal" ou "postais" em vez de discutirem explicitamente dinheiro, mas noutras foram mais explícitos, referindo abertamente que Gill recebia somas de "5 mil".

Algumas declarações feitas por Gill à comunicação social ou no Parlamento Europeu eram cópias quase literais dos textos fornecidos por Voloshyn.

A investigação policial britânica teve a contribuição de forças europeias e do FBI nos Estados Unidos.

A procuradoria britânica autorizou uma acusação de conspiração para cometer suborno contra Oleg Voloshyn, mas este nunca foi preso pela polícia do Reino Unido e continua a ser procurado por este motivo.

Líder do Partido Reformista no País de Gales, Gill afastou-se entretanto da política. Antes tinha sido próximo do político populista anti-imigração Nigel Farage.

JN/Agências