Pelo menos 227 alunas e professores foram levados no segundo sequestro de estudantes na Nigéria, esta semana, após o sequestro de 25 estudantes, também raparigas, num incidente separado na segunda-feira.
"Segundo as nossas informações, 215 alunos e 12 professores foram sequestrados pelos terroristas", afirmou a Associação Cristã da Nigéria (CAN) num comunicado.
As autoridades do estado de Katsina, no norte da Nigéria, anunciaram, esta sexta-feira, o encerramento de todas as escolas primárias e secundárias da região, após vários ataques e raptos esta semana de estudantes por grupos armados. "O Ministério da Educação do estado de Katsina ordenou o encerramento imediato de todas as escolas públicas do estado por razões de segurança", declarou o Governo de Katsina num comunicado, acrescentando que "o ministério exorta os pais, professores e o público em geral a cumprir imediatamente esta diretiva".
Na segunda-feira, 25 alunas do ensino secundário foram raptadas no estado de Kebbi, no noroeste do país, também por homens armados, sendo que, na terça-feira, uma das alunas sequestradas conseguiu escapar. As autoridades estão a "monitorizar a situação para garantir a segurança".
O presidente nigeriano, Bola Tinubu, cancelou as suas viagens internacionais, colocou as forças de segurança do país em alerta máximo, e ordenou que as autoridades agissem de forma rápida para conseguirem trazer as estudantes de volta a casa.
Os últimos dias também foram marcados pelo ataque contra fiéis de uma igreja, que causou pelo menos duas mortes no estado de Kwara, oeste, bem como pelo assassinato de um brigadeiro-general do exército morto por extremistas no nordeste do país.
Alguns estados da Nigéria, sobretudo do centro e noroeste do país, sofrem ataques constantes por parte de "bandidos", termo usado no país para designar as quadrilhas criminosas que cometem assaltos e sequestros em massa para exigir resgates e cujos integrantes são por vezes rotulados pelas autoridades como "terroristas".
A esta insegurança soma-se a atividade do grupo terrorista Boko Haram no nordeste do país e, desde 2016, da sua cisão Estado Islâmico na Província da África Ocidental (ISWAP).
A violência na Nigéria, país mais populoso do mundo, que inicialmente estava relacionada com conflitos por direitos à terra e à água entre criadores de gado e agricultores, transformou-se em confrontos ligados ao crime organizado, com gangues a assumirem o controlo de comunidades rurais onde o governo tem pouca ou nenhuma presença.