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Candidato nacionalista vence presidenciais na entidade sérvia da Bósnia

Sinisa Karan, o candidato do partido SNSD do ultranacionalista pró-russo Milorad Dodik Foto: Elvis Barukcic / AFP

Sinisa Karan, o candidato do partido SNSD do ultranacionalista pró-russo Milorad Dodik, venceu as eleições presidenciais deste domingo na República Srpska (RS), entidade sérvia da Bósnia-Herzegovina, com 50,9%, contados os votos em 93% das mesas.

Segundo a agência noticiosa espanhola EFE, dados ainda não oficiais da Comissão Eleitoral da Bósnia-Herzegovina indicam que o rival de Karan, Branko Blanusa, apoiado pelo Partido Democrático Sérvio (SDS, centro-direita, principal partido da oposição), obteve 47,81% dos votos.

Karan irá substituir o separatista Dodik, destituído do cargo de presidente em agosto por ter sido condenado a seis anos de inelegibilidade para cargos públicos por incumprimento das decisões do Alto Representante do país para a Bósnia-Herzegovina, Christian Schmidt.

A Aliança dos Social-Democratas Independentes (SNSD) já tinha proclamado a vitória de Karan, actual ministro da Tecnologia da RS.

O SDS também tinha afirmado que Blanusa estava na liderança e que "só um milagre ou algo irregular" explicaria um resultado diferente.

O líder sérvio-bósnio ameaça há anos desmembrar a Bósnia, a que chama um Estado falhado, e tornar a República Srpska independente, unindo-a à Sérvia.

Dodik afirmou que a votação fortaleceu o seu poder. "Eles queriam afastar Dodik através de um processo injusto, agora têm dois Dodiks e terão de nos vigiar todos os dias", disse, citado pela EFE.

Estavam registados para votar 1,2 milhões de eleitores, tendo o escrutínio, que registou uma participação de 36%, terminado às 18:00 TMG (mesma hora em Lisboa).

Há meses que a Bósnia atravessa uma das suas crises políticas mais graves, 30 anos após o fim da guerra que se seguiu à proclamação da sua independência da Jugoslávia em 1992.

O Acordo de Paz de Dayton, alcançado em 21 de novembro de 1995 e que seria assinado em 14 de dezembro desse ano, pôs fim a quatro anos de guerra civil interétnica com um balanço de cerca de 100.000 mortos no país balcânico.

O acordo criou a Bósnia-Herzegovina como uma república federal, com uma estrutura descentralizada e dividida em duas entidades: a "Federação da Bósnia-Herzegovina" (a entidade dos muçulmanos e croatas) e a Republika Srpska (a entidade dos sérvios da Bósnia).

Foi também acordada uma administração sob a tutela de um alto representante eleito pelo Conselho Europeu, um protetorado europeu que se mantém até hoje.

JN/Agências