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Presidente da Colômbia acusou EUA de divulgar boatos contra o Exército de Bogotá

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro Foto: Joaquin Sarmiento/AFP

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, acusou, esta terça-feira, os Estados Unidos de divulgarem boatos sobre as ligações de militares e funcionários de segurança colombianos aos dissidentes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

O chefe de Estado da Colômbia disse que a CIA, serviços de informações dos Estados Unidos, têm por hábito "tecer redes" para influenciar a opinião pública, de acordo com os interesses de Washington.

Petro referiu-se diretamente a uma reportagem da Rádio Caracol, da Colômbia, que relacionou o general do Exército Juan Miguel Huertas e Wilmar Mejía, funcionário da Direção Nacional de Inteligência (DNI) da Colômbia, a uma trama que favoreceu a fação armada liderado por Alexánder Mendoza ("Carláca").

"Calarcá" é comandante de um grupuscúlo constituído por dissidentes do Estado-Maior Central das FARC.

O presidente da República disse que os supostos relatórios citados pela Rádio Caracol são falsos.

Petro revelou, através das redes sociais, que recebeu da CIA os mesmos relatórios sobre "oficiais corruptos", mas acrescentou que foi prudente com o conteúdo dessas mesmas informações.

"Investiguei o que aconteceu e determinei que as conclusões da CIA não são verdadeiras", afirmou.

Na mesma mensagem, Petro disse ainda que a CIA também foi "enganada" quanto ao grupo armado alegadamente envolvido sublinhando que se tratava de uma operação contra o ELN (Exército de Libertação nacional) e não fações dissidentes das FARC.

Segundo o presidente "a grande corrupção» que existe na Colômbia", fruto do narcotráfico, faz com que muitos elementos das Forças Armadas utilizem os recursos do Estado para afastarem aqueles que representam "um perigo" para os que praticam atividades criminosas.

Por outro lado, Petro disse que confia que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, venha a "entender" que os relatórios que recebeu tiveram origem no "próprio narcotráfico".

Paralelamente à investigação já anunciada na segunda-feira pelo Ministério da Defesa, a procuradora-geral da Colômbia, Luz Adriana Camargo, iniciou um inquérito mais amplo, com base no conteúdo de todas as mensagens divulgadas pela Rádio Caracol, incluindo uma conversa entre guerrilheiros sobre o suposto apoio à campanha presidencial de Petro.

Os supostos envolvidos reagiram às especulações e negaram qualquer relação com o plano, questionando também a veracidade das conversas entre o dirigente das FARC e outros guerrilheiros.

O general Huertas rejeitou qualquer relação com as FARC ou outro grupo armado e salientou que as afirmações divulgadas, supostamente baseadas em documentos apreendidos a "Calarcá", não foram validados pelas autoridades competentes.

A vice-presidente colombiana, Francia Márquez, mencionada nas gravações como alegada intermediária entre os dissidentes das FARC e Petro, afirmou que não há nenhuma prova conclusiva que a relacione com grupos armados.

JN/Agências