Novo disco de Frankie Chavez e Peixe, "Miramar III", reforça parceria criativa. "O mais difícil é manter o projeto simples", diz o duo de guitarristas ao JN. Esta sexta-feira há concerto na Central do Caldeirão, em Torres Novas
A história dos Miramar é, antes de tudo o resto, a história da amizade entre dois músicos de percurssos muito distintios. Há oito anos, quando Frankie Chavez e Peixe partilharam o palco no festival alentejano Guitarras ao Alto, estavam decerto longe de imaginar que esse seria o início de uma parceria tão criativa quanto profícua.
Três discos e após dezenas de espetáculos ao vivo, os Miramar deixaram de ser apenas um trabalho marginal no percurso de ambos os músicos. "Já não estávamos à espera que, nesta fase da vida, aparecesse um projeto assim. É a primeira vez que gravo três discos com a mesma banda", constata o portuense Peixe, guitarrista dos grupos pop Ornatos Violeta e Pluto.
Retiro criativo na costa
A distância de 300 quilómetros que os separa (Peixe vive no Porto e Chavez em Lisboa) não tem sido obstáculo para a criação. Durante meses vão partilhando ideias para temas ou solos, até ao momento em que entendem ter o material suficiente.
Quando isso acontece, fazem um retiro criativo em Miramar, a localidade costeira de Vila Nova de Gaia que deu nome à banda, e gravam o disco. Sempre sem pressas. "O que esta parceria tem de bom é que não há pressões de editoras ou de mercado. Fazemos as coisas à medida que elas aparecem", conta Peixe ao JN.
Refúgio em relação aos projetos mais decibélicos que ambos os compositores alimentam em nome próprio, os Miramar transmitem através da sua sonoridade uma calma e uma tranquilidade sonora que já foi definida como uma espécie de manifesto contra o ruído do Mundo. Peixe até concorda: "Não tenho uma vontade transformadora declarada, mas se puder contribuir para que o ambiente seja um tudo menos barulhento, fico contente".
O ponto de fuga face a outros compromissos que os Miramar acabam por ser para Frankie Chavez e para Peixe reflete-se no apaziguamento que a sua escuta suscita. Contar histórias sem recurso às palavras, "apoiando-se apenas na força evocativa das melodias", é a marca fundadora, ou, se quisermos, o ADN, desta dupla criativa.
Novo vídeo já disponível
A identidade sonora que têm vindo a construir saiu reforçada com a recente edição do novo disco, designado "Miramar III".
Ainda assim, há nuances face aos trabalhos anteriormente editados. Ancorado em memórias, o álbum conta com a colaboração de Saraiva (saxofone), António Serginho (percussão) e do Quarteto de Cordas Solistas da Casa da Música, cada qual trazendo novas camadas ao muito característico som do grupo.
"O mais difícil é manter o projeto simples. Temos muitas ideias, mas depois é preciso simplificar para que as guitarras conversem bem e não se atrapalhem. É preciso muito trabalho para que tudo encaixe", sustenta Frankie Chavez.
Após as apresentações no Porto e Lisboa, os Miramar atuam esta sexta-feira à noite na Black Box da Central do Caldeirão, em Torres Novas.
Entretanto, já está disponível o novo vídeo de "Fado marafado", single retirado de "Miramar III!", com realização de André Tentugal.