Opinião

Não confundir a árvore com a floresta

A Guarda Nacional Republicana (GNR) é uma força de segurança responsável pela segurança em 94% do território continental, com vastas responsabilidades no policiamento comunitário, trânsito, investigação criminal, controlo costeiro e de fronteiras, fiscal e aduaneira - abrangência que impõe à GNR a responsabilidade pela segurança de aproximadamente 53% da população residente em Portugal, segundo os últimos dados oficiais.

A GNR é uma instituição composta por vinte e três mil pessoas, a instituição do Estado com maior dimensão estrutural, cujo papel e responsabilidade são reconhecidamente fundamentais para a segurança de Portugal e dos seus cidadãos, um pilar do regular funcionamento das instituições democráticas.

Os militares que servem na GNR sempre foram - e continuarão a ser - uma referência de disciplina, rigor, espírito de sacrifício e abnegação pela causa pública, possuidores de uma conduta ancorada no respeito pela Constituição da República Portuguesa, pelas leis e pelos direitos humanos.

Os Sargentos da GNR repudiam qualquer ato de índole criminal, sobretudo quando cometidos por elementos das forças de segurança. Infelizmente, nenhum setor de atividade está imune à possibilidade de ter nos seus quadros profissionais suspeitos de comportamentos desviantes.

Respeitando, naturalmente, o direito à presunção de inocência e ao bom nome das pessoas detidas no âmbito da Operação "Safra Justa", cabe à GNR aguardar pela ação da Justiça, esperando que os factos sejam apurados até às últimas consequências e que, existindo comportamentos censuráveis do ponto de vista criminal, sejam os seus autores exemplarmente condenados nesse âmbito, bem como em sede disciplinar própria - para a qual a GNR e o MAI possuem mecanismos adequados para punir e afastar aqueles cuja conduta é contrária ao compromisso de honra assumido para com o País e os seus cidadãos.

Não pode, obviamente, o comportamento isolado de alguns manchar o bom nome desta instituição secular, nem esse facto beliscar o respeito pela conduta irrepreensível das mulheres e homens que, com sacrifício pessoal, garantem em permanência a segurança do País, desempenhando um papel determinante no sistema de segurança interna. Caberá ao Estado e às instituições tirar ilações que permitam evitar situações semelhantes no futuro.

Ricardo Rodrigues