Justiça

Guarda prisional relata apreensão de drone: "Pensava que tinha deixado uma arma na cela, tinha de agir"

O drone caiu no chão do pátio da prisão Foto: Rui Manuel Ferreira/Arquivo

Dois guardas prisionais da cadeia de Setúbal relataram, em tribunal, as apreensões de telemóveis feitas numa cela pouco depois de um drone ali ter feito chegar um saco cujo conteúdo então desconheciam.

"Vi ser puxado um saco e pensava que o drone tinha deixado uma arma na cela, tinha de agir. Disse ao meu colega para irmos à cela, os reclusos podiam pensar que éramos dez e tínhamos que ser rápidos", testemunhou o guarda Carlos Cardoso, no julgamento em que sete arguidos respondem por tráfico de droga e de armas, bem como pela da entrada do drone na prisão de Setúbal para aqui introduzir telemóveis. Um dos arguidos estava preso na cadeia.

O caso aconteceu na madrugada de 30 de dezembro de 2022. O guarda Cardoso ouviu um barulho estranho e o colega Paulo Robalo ainda pôs a hipótese de se tratar de jovens motociclistas no exterior da prisão. Mas não era isso. "Corremos pela lateral da prisão e vi o aparelho [drone] junto a uma cela. Lá de dentro foi puxado um saco", contou Carlos Cardoso. O drone colidiria com o edifício, partindo-se uma das suas hélices. Caiu no chão do pátio.

Perante a cena, Carlos Cardoso diz que temeu o pior, que o drone tivesse deixado uma arma na cela. Agiu prontamente, dirigindo-se com o colega Paulo Robalo à cela, onde estavam seis reclusos. "Ordenámos que saíssem todos, tal como estavam, mesmo sem chinelos, e encontrámos telemóveis, que ainda estavam embrulhados".

A Polícia Judiciária de Setúbal apuraria que o drone era de familiares de um recluso, a quem tentaram entregar os telemóveis. Em tribunal, respondem pela entrada em lugar vedado ao público e, ainda, tráfico de droga e de armas, visto que a PJ lhes apreendeu, no verão de 2024, em casa e numa garagem no Monte da Caparica, Almada, mais de um quilo de canábis e armas, algumas com calibre de guerra.

Três arguidos estão em prisão preventiva, entre os quais um homem de 78 anos, armeiro, que entregava as armas ao grupo. Na sua casa tinha milhares de munições, várias armas e um colete balístico.

Rogério Matos