Praça da Liberdade

Pontes de(o) conhecimento fazem futuro – Ensino Superior e a cadeia vital do Norte

Hoje mesmo realiza-se o Fórum Regional 2025, promovido pela CCDR-N, com um olhar especial sobre a "Descentralização e políticas de coesão pós-2028". O tema não podia ser mais premente e, simbolicamente, ajustado a uma determinada "lógica da consciência", nas palavras de António Damásio, que o país precisa para se ajustar e determinar uma sólida prosperidade e coesão sociais.

A Região Norte, tal como se encontra evidenciado na nota técnica do 2.° trimestre do "Norte Conjuntura" da CCDR-N, tem apresentado um bom desempenho - crescimento sustentado do PIB; mercado de trabalho positivo; setor turístico em expansão; razoável estabilidade financeira -, sendo que alguns indicadores ainda demonstram cuidados a ter, desde logo, o investimento na competitividade e inovação e, assim e através destas, um fortalecimento do modelo económico e industrial e uma diversificação das exportações, mantendo o equilíbrio entre crescimento económico e sustentabilidade social.

Em momentos em que a coesão parecia (ou parece ainda) perder alguma centralidade na Europa, em benefício de uma "revolução mais dirigista", operada pela equipa de Ursula von der Leyen para o próximo Quadro Financeiro Plurianual, importa salientar que o desenvolvimento e crescimento não se fazem sem coesão e sem gestão de proximidade, arrogando-se para este desígnio a tão necessária "gestão multinível" que a Europa bem soube criar e praticar. Não nos podemos esquecer, como refere um dos portugueses mais ilustres e estudiosos sobre esta matéria, Joaquim Oliveira Martins, que a definição da política tem de ser adequada ao nível territorial, considerando a descentralização versus regionalização.

Há algo indubitavelmente necessário nesta "Coesão pós-2028", diria a executar já a partir de 2026: para projetarmos regiões mais coesas e sustentáveis temos de ter uma ambição "sem muros" nos reequilíbrios social e territorial e no desenvolvimento económico e competitivo.

O Norte hoje é uma região cada vez mais liderante no panorama nacional, impondo-se reforçar algumas dimensões de forma sustentada. A capacidade em criar e difundir conhecimento, através de uma ainda maior ambição para o Ensino Superior no Norte, é um desafio a agarrar consistentemente, é um membro essencial da "cadeia vital" da inteligência natural, diria Damásio, desde (a partir do) o Norte em prol de todos os portugueses.

Paulo Pereira