O próximo orçamento da União Europeia vai ter menos dinheiro para a coesão e para a agricultura. Além disso, muda o modelo de gestão. Vários pilares sectoriais são agregados e os riscos de uma decisão mais centralizada são evidentes. De 540 programas nacionais e regionais, passamos para apenas 27 Planos de Parceria Nacionais e Regionais, um por Estado-membro. Pela voz do ministro Castro Almeida, no Fórum Regional promovido pela CCDR-N, o Governo confessou "apreensão" com a proposta em debate, garantindo que irá bater-se pelas políticas de coesão e de governação multinível. Aliás, o ministro da Economia e da Coesão Territorial admitiu que as assimetrias regionais são uma das causas de crescimento de projetos autoritários e prometeu respostas a essa geografia do descontentamento, combatendo a "doença grave" que é o centralismo.
Não está em causa a boa vontade de Castro Almeida, mas perante uma plateia de autarcas limitou-se a falar para convertidos. Mais difícil será pregar contra o centralismo sentado à mesa do Conselho de Ministros. Prova disso é a sucessão de curvas que o processo de desconcentração tem enfrentado nos últimos anos. O reforço de competências das CCDR poderá levar lentamente a água ao moinho dos defensores das políticas regionais e de proximidade, mas é curto para travar as desigualdades no nosso processo de convergência. O Governo está obrigado a bater o pé em Bruxelas e, em simultâneo, a mostrar eficácia no planeamento estratégico para enfrentar as mudanças em curso. Ou seja, a conseguir aquilo em que tem falhado ao longo de sucessivas décadas.