O líder do partido populista lituano Aurora de Nemunas, membro da atual coligação governamental, liderada pela social-democrata Inga Ruginiene, foi considerado culpado de crimes de ódio e antissemitismo.
"As declarações públicas [de Remigijus Žemaitaitis] no Facebook, bem como o seu discurso numa sessão do Seimas (parlamento), ultrapassaram os limites da liberdade de expressão consagrados na Constituição e constituíram atos criminosos, conforme definidos no Código Penal da República da Lituânia", declarou o Tribunal de Vilnius.
Em maio e junho de 2023, Žemaitaitis fez diversas publicações na sua conta pessoal daquela rede social global nas quais fez troça do povo judeu, difamou-o e incitando ao ódio contra aquela comunidade, segundo a instância judicial.
O tribunal sublinhou que o político escreveu que a repressão soviética contra a Lituânia foi um "Holocausto lituano" mais grave do que o genocídio de judeus naquele país.
Ao fazer isso, ele "nega a singularidade histórica do Holocausto e tenta minimizá-la, ao mesmo tempo que deturpa os fatos sobre a história judaica e os assassinatos em massa sistemáticos que os judeus sofreram", lê-se ainda no acórdão.
Žemaitaitis foi multado em cinco mil euros, mas ainda pode recorrer da sentença.
A situação política na Lituânia tem estado turbulenta desde que os sociais-democratas venceram as eleições legislativas, há cerca de um ano e o Aurora de Nemunas ficou em segundo lugar.
O então líder social-democrata Vilija Blinkevičiūtė abdicou de assumir a chefia de governo por não encontrar solução para lá de uma coligação com os populistas e cedeu a posição de primeiro-ministro ao companheiro de partido Gintautas Paluckas.
Paluckas teve de se demitir em julho devido a suspeitas de fraude nos negócios na sua vida empresarial, incluindo um subsídio recebido quando já desempenhava o cargo.
No final de setembro, Ruginiene, ex-dirigente sindical, foi nomeada primeira-ministra.