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Popularidade da princesa Aiko gera apelos para mudar a lei de sucessão japonesa

Aiko é a única filha do imperador Naruhito e da mulher, a imperatriz Masako Foto: AFP

A popularidade da princesa Aiko, filha única do imperador Naruhito, está a reacender o debate sobre a sucessão imperial no Japão. Aiko é vista como uma celebridade e como possível solução para a crise dinástica do país. Segundo a Lei da Casa Imperial, o sucessor deve ser do sexo masculino.

Nascida em dezembro de 2001, Aiko é a única filha de Naruhito e da mulher, a imperatriz Masako. Após ser apresentada formalmente como membro adulto da realeza em 2021, a princesa, de 24 anos, cativou rapidamente o público com a sua simpatia, carinho, inteligência e senso de humor.

A sua popularidade é aparente nas aparições públicas. Em setembro, ao acompanhar os pais numa visita em homenagem às vítimas da Segundo Guerra Mundial, em Nagasaki, os apoiantes gritaram o seu nome e, em entrevistas à "Associated Press", expressaram o apoio à princesa. "Sempre torci para que a princesa Aiko fosse coroada", declarou o sobrevivente dos bombardeamentos da bomba atómica Setsuko Matsuo, de 82 anos. "Gosto de tudo nela, especialmente do seu sorriso reconfortante".

Após a sua primeira viagem ao estrangeiro, em novembro, o apelo à tomada de posse aumentou. Na ocasião, a princesa representou o imperador numa viagem de seis dias a Laos, onde se reuniu com figuras importantes, conversou com locais e visitou lugares históricos.

A mudança da lei a favor de Aiko é apoiada por vários cidadãos que recorrem às redes sociais para defender a coroação de quem quer que seja o primeiro filho do imperador, independentemente do género. "O sistema de sucessão reflete a mentalidade japonesa em relação às questões de género", afirmou Ikuko Yamazaki, de 82 anos, numa publicação citado pela "ABC News". "Acredito que ter uma monarca mulher melhoraria drasticamente o estatuto das mulheres no Japão".

A crise de sucessão

Existe uma tensão crescente na dinastia japonesa devido à escassez de jovens. A Lei da Casa Imperial, de 1947, impõe uma sucessão masculina, ditando ainda que as mulheres da realeza que casem com plebeus percam o seu estatuto real.

Com apenas 16 membros, a família imperial está em declínio e conta com três herdeiros do sexo masculino. Assim, os nomes apontados para substituir o atual imperador são o irmão mais novo, o príncipe herdeiro Akishino, de 60 anos, e o filho do príncipe herdeiro, o príncipe Hisahito, de 19 anos. O príncipe Hitachi, irmão mais novo do ex-imperador Akihito, é o terceiro na linha de sucessão ao trono, com 90 anos.

Este cenário também alimenta a mudança da lei, medida apontada como urgente para impedir que a família real desapareça. No entanto, apesar da pressão para uma mudança da lei, há quem se oponha à mudança, incluindo a presidente Sanae Takaichi.

Beatriz B. Soares