O ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Johann Wadephul, recusou, esta sexta-feira, quaisquer "conselhos externos" sobre liberdade de expressão ou organização em sociedade, reagindo ao documento norte-americano sobre segurança nacional que prevê o declínio da Europa.
"Assuntos como a liberdade de expressão ou a organização das nossas sociedades livres" não podem ser discutidos por Washington, disse, em conferência de imprensa conjunta com o homólogo islandês.
Wadephul considerou que a Europa não tem de receber lições, pois aquelas matérias são "regidas pelas ordens constitucionais".
"Os Estados Unidos da América (EUA) são e vão continuar a ser os nossos aliados mais importantes na Aliança [Atlântica]", continuou, ressalvando que a Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla inglesa) tem como foco "questões de Defesa e segurança".
A Administração norte-americana, liderada pelo presidente Donald Trump, alerta para o perigo de "extinção civilizacional" da Europa, caso se mantenham as "tendências atuais", num documento estratégico sobre segurança nacional dos Estados Unidos da América (EUA), hoje divulgado.
"Se as tendências atuais continuarem, o continente [Europa] vai ficar irreconhecível dentro de 20 anos ou menos", lê-se no documento de 33 páginas, analisado pela agência de notícias francesa AFP, onde é defendida a "restauração da supremacia" dos EUA na América Latina.
No texto, defende-se que "a era das migrações massivas tem de acabar" e que "a segurança das fronteiras é o principal elemento da segurança nacional [norte-americana]".
"Temos de proteger o nosso país de invasões, não apenas da imigração descontrolada, mas também das ameaças transfronteiriças como o terrorismo, as drogas, a espionagem e o tráfico de pessoas", referiu a Casa Branca.
A referida estratégia dos EUA anuncia um "reajustamento" da sua presença militar no Mundo "para responder às ameaças emergentes" naquele continente e um "afastamento de "teatros" [de operações] cuja importância relativa para a segurança nacional americana diminuiu nos últimos anos ou décadas".