Justiça

Espanholas recorrem da absolvição de portugueses de violação coletiva em Gijón

Palácio da Justiça em Gijón Foto: Direitos Reservados

As duas mulheres que acusaram quatro portugueses de uma violação coletiva, em Gijón, no Norte de Espanha, acabam de interpor recurso da sentença do tribunal local que, em 18 de novembro de 2025, os absolveu do crime. A informação foi avançada pelo advogado dos arguidos, dois de Braga e dois de Famalicão, que critica as queixosas por terem apresentado recursos separadamente, depois de, na fase de inquérito, terem deduzido uma única acusação particular.

"Os recursos são praticamente iguais, pois 99 por cento do texto de ambos é o mesmo, é um autêntico "copy e paste", um dos recursos tem 25 páginas e o outro tem 26 páginas", escreveu o advogado, Germán-Ramón Inclán Méndez, em comunicado enviado à comunicação social.

Inclán Méndez diz que a advogada das queixosas tratou sempre o caso de ambas as mulheres indistintamente, deduzindo, inclusivamente, apenas uma acusação particular. Nestas circunstâncias, e tendo em contra o princípio da economia processual, o advogado antevê que a mudança de estratégia das queixosas, com a presente interposição de dois recursos, será considerada "irregular e ilógica". Os recursos já deram entrada, mas ainda não foram formalmente admitidos, segundo diz.

Defesa ataca "perspetivas de género"

O processo começou com a queixa apresentada por uma asturiana e uma basca, de 22 e 23 anos, por violação coletiva alegadamente cometida pelos quatro portugueses, na madrugada de 24 de julho de 2021, numa unidade hoteleira de Gijón, nas Astúrias.

Mas um tribunal coletivo, com dois juízes e duas juízas, analisou as provas, inclusivamente um vídeo, e concluiu que as relações sexuais foram consentidas pelas queixosas.

"Respeitamos profundamente o direito processual penal das duas queixosas recorrerem da absolvição completa dos quatro acusados, todos meus clientes, mas não podemos deixar de lamentar o método de recorrer", reage Germán-Ramón Inclán Méndez, considerando que "isto só pode significar que se está a tentar a protelação deste processo, face à iminência de um processo a movermos contra as queixosas, por crime de falsos testemunhos".

Segundo o causídico, "as duas queixosas tiveram sempre declarações inconsistentes e mentiram de forma grosseira, ao longo de todo o processo, inclusivamente no julgamento, provocando danos irreparáveis para toda a vida aos meus jovens clientes".

Antecipando a contestação dos recursos, ou recurso, Inclán Méndez escreve: "Não vamos consentir que as batidas e desgastadas 'perspetivas de género' que a parte contrária quer fazer valer neste momento, ou o que é o mesmo, discriminações do homem pelo facto de ser homem em prol da supervalorização que se pretende das manifestações e comportamentos da mulher só pelo facto de ser mulher possam vir a afetar negativamente o destino processual dos meus quatro clientes."

Advogada não quer fazer comentários

O JN já tentou obter uma reação da advogada Loreto Díaz Rodríguez, que representa as queixosas, mas a causídica espanhola não esteve disponível para responder às questões sobre o comunicado do advogado de defesa.

A advogada Loreto Díaz Rodríguez continua a pedir, nos seus dois recursos, a condenação dos quatro arguidos portugueses. Quer 22 anos de prisão para dois suspeitos e 14 anos para os outros.

Segundo a causídica, com escritório nas Astúrias, as penas mais elevadas devem ser aplicadas aos dois suspeitos que estiveram presos preventivamente dois meses.

A advogada reclama ainda indemnizações de 25 mil euros a dois arguidos e de seis mil euros a outros.

Joaquim Gomes