Praça da Liberdade

Candidatos presidenciais para que vos quero?

A eleição do presidente da República Portuguesa é um ato político fundamental que decorre a cada cinco anos nos termos da Constituição, e o próximo será ainda mais relevante, pois o atual chefe máximo de Portugal será inevitavelmente substituído por um dos inúmeros potenciais candidatos, inexistindo continuidade na função.

Sucedem-se as campanhas eleitorais, iniciadas há largas semanas, nas ruas, em entrevistas e outros fóruns, com especial realce nos inúmeros debates que, ao início da noite, assumem o horário nobre dos canais generalistas.

E se a quantidade de momentos propagandísticos continuará, presumivelmente, a aumentar, já a qualidade (duvidosa) de algumas emissões televisivas deverá decrescer, muito por força quer da participação dos intervenientes (admiro o profissionalismo e paciência dos jornalistas), quer das temáticas abordadas.

Na véspera de uma greve geral, em que os setores da educação, saúde e transportes serão os mais afetados, como é possível que se continue a desprezar a abordagem do tema educação, a área mais estruturante de qualquer país democrático? É admissível a paupérrima alusão (desadequada) às comunidades educativas feitas pelas candidaturas, ignorando a sua relevância, num país que se pretende de primeira linha? Por que continuam a não apresentar propostas educacionais essenciais, em tempo de eleições? Qual o motivo que os impede de divulgar as suas perspetivas para o futuro da escola pública?

Para além do desdém implícito à sua (atu)ação, desconfio que os putativos candidatos pouco (quase nada!) são capazes de despender em redor de um assunto que, se não o dominam (o que está à vista), os deveria interessar, de modo a poderem apresentar sugestões e opiniões plausíveis, merecedores do respeito dos alunos, professores, técnicos superiores e especializados, assistentes técnicos e operacionais e outros profissionais que diariamente dão tudo em prol do progresso e do sucesso dos discentes, e de Portugal.

Ainda há tempo para virar a página, promovendo-se debates com ênfase na educação, eliminando atitudes de má criação dos intervenientes (que nas escolas dariam lugar à aplicação de medida educativa disciplinar), apostando na seriedade e honestidade de tratamento, requisitos que todos queremos ver expressos, a partir do dia 9 de março, por quem vai ocupar a residência de Belém.

Não será um favor, antes um serviço de inegável valor prestado aos milhões de portugueses, dignos destinatários das ações da mais alta autoridade do Estado, representante da nação.

Filinto Lima