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Sindicato não aderiu à greve mas muitos registos e conservatórias fecharam

Foto: Arquivo

O Sindicato dos Trabalhadores dos Registos e do Notariado (STRN) garante que não convocou greve para esta quinta-feira, mas admite que muitos trabalhadores decidiram parar por iniciativa própria, em protesto contra o estado do setor. Há conservatórias encerradas em vários pontos do país e o sindicato afirma que tem recebido "dezenas de mensagens" de associados a comunicar a intenção de parar.

Arménio Maximino, presidente do STRN, sublinha que o sindicato está em pleno processo negocial com o Governo e que, por isso, optou por não decretar greve. "Estamos num processo de negociação coletiva e entendemos não prejudicar o andamento dos trabalhos. Por isso não convocámos greve", afirma. O responsável lembra ainda que o STRN é "um sindicato independente", que apenas convoca paralisações quando o decide internamente: "Não aderimos a greves de outros sindicatos. Quando entendemos convocar, convocamos nós."

Apesar de não haver pré-aviso do STRN, há registos de vários serviços encerrados. Segundo Arménio Maximino, isso resulta de uma decisão individual de cada trabalhador: "O trabalhador pode sempre fazer greve. Tenho informação de que muitas conservatórias estão encerradas." A razão, diz, é clara: "É uma manifestação de descontentamento face ao impasse e aos problemas que o setor tem e que nunca mais se resolvem."

O dirigente lembra que o mal-estar é acumulado e não se limita ao pacote laboral atualmente em discussão. Aponta para a "falta de medidas concretas" do Governo, apesar das promessas feitas quando o PSD estava na oposição.

Promessas do PSD por cumprir

"Os trabalhadores olham com maus olhos esta situação. Em 2023, o PSD exigia soluções urgentes para o setor. Agora, no Governo, nada foi implementado", critica. Para o STRN, essa contradição "não passa despercebida" aos funcionários.

Arménio Maximino recorda que o Ministério das Finanças - hoje liderado por quem, em 2023, pedia reformas imediatas - mantém por concretizar as mesmas medidas que então classificava como indispensáveis. "Se eram urgentes há dois anos, agora são urgentíssimas", afirma. O dirigente sindical alerta que vários indicadores do setor "têm vindo a piorar", agravando a frustração dos profissionais.

Apesar do ambiente interno de grande tensão, o STRN diz querer preservar a "boa-fé negocial" e por isso não avançou com qualquer paralisação. "Os trabalhadores estão livres de fazer greve. E muitos fizeram", conclui.

Paulo Lourenço