PSD e CDS uniram-se para chumbar revogação que tinha sido conseguida pela oposição na Câmara.
O plano de Pormenor do Cais do Paraíso, em Aveiro, que permite a construção de um hotel de 12 andares numa das principais entradas da cidade, vai manter-se em vigor. Depois de a sua revogação ter sido aprovada pelo executivo da Câmara, devido aos votos da Oposição (PS e Chega), a Assembleia Municipal chumbou a proposta na noite de ontem, segunda-feira.
Os deputados municipais do PSD e do CDS juntaram-se em bloco, para votarem contra a revogação do plano de pormenor, uma vez que, ao contrário do que acontece na Câmara, têm maioria absoluta na Assembleia Municipal. As restantes forças com assento, PS, Chega e IL - uma vez que o deputado do Livre continua sem tomar posse -, manifestaram-se a favor. No entanto, como a coligação tem maioria, a revogação não passou.
O plano de pormenor em causa encontra-se em vigor desde setembro. E o assunto voltou a reunião de Câmara sob proposta do PS, que tinha prometido, na campanha eleitoral, que tudo faria para o revogar. Cláudia Santos, líder da bancada socialista na Assembleia, sublinhou que, já após a aprovação do documento, houve questões judiciais relacionadas com o mesmo, nomeadamente, "um inquérito criminal e ações cíveis de particulares". Mas Luís Souto, presidente da Câmara, assegurou que o inquérito está relacionado com "uma denúncia anónima". "O Ministério Público fez o que tinha de fazer. Pediu informações", esclareceu o edil.
A IL, por seu turno, também chamou a atenção para o facto de o plano não servir "a cidade e os interesses de quem aqui vive", dizendo ter sido "desenhado à medida, altamente condicionado a uma unidade hoteleira de grande dimensão". Mas Luís Souto voltou a rebater os argumentos dos opositores: "Naturalmente, há lesados, sempre os houve, nos planos de pormenor. Percebo as dores de quem tenha sido menos beneficiado, mas não me transformo nos seus porta-vozes políticos".
Luís Souto, na última reunião de Câmara, assegurou que a autarquia, para já, não tem "compromissos estabelecidos, no sentido de um eventual licenciamento" de uma unidade hoteleira para o Cais. E reafirmou que um hotel ali criará "cerca de 300 postos de trabalho, diretos e indiretos, e terá um impacto de oito milhões de euros por ano no município".