O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantiu, esta sexta-feira, que foram dizimados todos os campos jiadistas visados pelas forças norte-americanas nos ataques na Nigéria, acrescentando ter ordenado a ofensiva no dia de Natal.
O republicano adiantou ao site informativo "Politico" que o ataque estava originalmente agendado para quarta-feira, mas determinou que fosse adiado por um dia por razões simbólicas. "Eles iam fazer isso [o ataque] antes. E eu disse: 'Não, vamos dar um presente de Natal'. (...) Eles não estavam à espera, mas atacámo-los com força. Todos os acampamentos foram dizimados", frisou.
Trump confirmou ainda ao "Politico" que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o visitará este fim de semana.
Os Estados Unidos realizaram ataques mortais na quinta-feira no noroeste da Nigéria contra jiadistas que a administração Trump acusa de massacrar cristãos.
O Governo e as Forças Armadas da Nigéria afirmaram ter lançado ataques aéreos em conjunto com os Estados Unidos contra alvos do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) no noroeste do país africano.
"Os ataques basearam-se em informações fidedignas e num cuidadoso planeamento operacional, visando enfraquecer a capacidade operacional dos terroristas, minimizando simultaneamente os danos colaterais", indicou o porta-voz das Forças Armadas nigerianas, tenente-general Samaila Uba.
Noutro comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Nigéria assinalou que as autoridades nigerianas mantêm "uma cooperação estruturada em matéria de segurança com parceiros internacionais, incluindo os Estados Unidos, para enfrentar a persistente ameaça do terrorismo e do extremismo violento".
A confirmação surgiu depois de Trump ter anunciado, na quinta-feira, que as tropas norte-americanas tinham lançado um ataque "poderoso e mortal" contra acampamentos do EI no noroeste da Nigéria.
Segundo o Pentágono, os ataques implicaram o lançamento de cerca de uma dezena de mísseis Tomahawk a partir de um navio da Marinha dos Estados Unidos destacado no golfo da Guiné e provocaram "múltiplas vítimas" no estado de Sokoto, perto da fronteira com o Níger.
Em novembro, Trump denunciou, sem apresentar provas, uma alegada matança de cristãos na Nigéria, anunciou a designação do país como "de especial preocupação" (categoria reservada a nações envolvidas em violações graves da liberdade religiosa) e ameaçou realizar uma possível intervenção militar.
O Governo nigeriano assegurou que tomava nota das declarações do presidente republicano, mas afirmou que essas acusações "não refletiam a realidade no terreno".
O nordeste da Nigéria sofre ataques do grupo extremista islâmico Boko Haram desde 2009, violência que se agravou a partir de 2016 com o surgimento de uma cisão, o Estado Islâmico da Província da África Ocidental (ISWAP).
Ambos os grupos pretendem impor um Estado de inspiração islâmica na Nigéria, país maioritariamente muçulmano no norte e predominantemente cristão no sul.
Dados oficiais indicam que o Boko Haram e o ISWAP mataram mais de 35.000 pessoas, incluindo muçulmanos, e provocaram cerca de 2,7 milhões de deslocados internos, sobretudo na Nigéria, mas também em países vizinhos como Camarões, Chade e Níger.