A autora do restauro controverso de "Ecce Homo", do Santuário da Misericórdia de Borja, Saragoça, Cecilia Giménez, morreu na segunda-feira, aos 94 anos, disse o presidente da autarquia à agência espanhola de notícias.
Cecilia Giménez morreu no Lar de Sancti Spiritus, em Borja, disse o presidente da autarquia, Eduardo Arilla, à agência espanhola de notícias Efe. "Perdemos uma pessoa muito querida na cidade", uma mulher "de imensa bondade", que teve uma "vida difícil" e foi "muito forte", pois conseguiu suportar a pressão que acompanhou o "fenómeno do 'Ecce Homo'", sublinhou o presidente da Câmara de Borja.
O "Ecce Homo" do Santuário da Misericórdia, obra de Elías García, um artista do século XIX, passou praticamente despercebido até que a cobertura mediática do restauro mal sucedido de Cecilia Giménez, em 2012, provocou uma onda de reações globais e fez da cidade alvo da atenção mundial.
No final da década, a cidade recebia mais de 10 mil visitantes por ano, provenientes de todo o mundo, totalizando mais de 200 mil pessoas desde que o restauro foi conhecido, conferindo um reconhecimento internacional sem precedentes à localidade.
Movimento pela preservação do restauro
Cecilia Giménez decidiu trabalhar a pintura original depois de testemunhar a sua deterioração. O resultado da intervenção, que atravessou o Mundo, mobilizou especialistas em arte e património, e deu origem a um movimento pela preservação do restauro, nas redes sociais.
O processo serviu de inspiração ao documentário "Mis Ecce Homos", do sociólogo Marco Rosatto, dirigido a partir do projeto de tese em Humanidades da investigadora Antonia Rodríguez, estreado no décimo aniversário da revelação do restauro.
A intervenção de Giménez também inspirou a ópera "Behold the Man", de Paul Fowler, com libreto de Andrew Flack, estreada no Evelyn Smith Music Theatre da Universidade do Arizona.
Eduardo Arilla disse hoje à Efe que os custos da residência de Cecília, no Lar de Sancti Spiritus, eram cobertos pela venda de bilhetes e artigos promocionais de "Ecce Homo". "Um fenómeno social que se tornou num propósito social", disse o autarca à Efe, garantindo que Cecilia Giménez "foi bondade até ao fim", tendo morrido como desejava, ao lado de seu filho, também residente no lar de Borja.
O funeral de Cecilia Giménez realiza-se na terça-feira, na Igreja de Santa María, em Borja.