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Dezenas de crucificados nas Filipinas

Dezenas de penitentes foram crucificados em várias povoações do norte das Filipinas, num ritual habitual no país, de população maioritariamente católica, nas sextas-feiras Santas.

Na localidade de San Pedro Cutud, a cerca de 70 quilómetros a norte de Manila, milhares de filipinos e estrangeiros enfrentaram um intenso calor para assistir à crucificação de uma dezena de seguidores de Jesus Cristo, que, segundo a fé católica, morreu crucificado e ressuscitou no domingo de Páscoa.

Nas proximidades, na pequena aldeia de Arayat meia dezena de católicos foram presos com pregos de cerca de 15 centímetros pelas palmas das mãos a cruzes de madeira. Os crentes enfrentam a dor entre cinco a 10 minutos.

"É o 11.º ano que me sacrifico, faço isso pela minha família", testemunhou à agência noticiosa EFE Rolando, de 38 anos, enquanto lhe colocam ligaduras nas mãos para estancar uma pequena hemorragia.

O mesmo crente garantiu que em dois dias estará novamente em "plena forma para cortar cana de açúcar" e confia que receba de Deus uma recompensa pelo seu sacrifício: a melhoria do estado de saúde da sua mãe.

Muitos outros filipinos optam por flagelar-se para redimirem os seus pecados e desfilam durante todos os dias da Semana Santa, em procissões enquanto ferem as costas com um chicote molhado.

A Igreja Católica tem reiterado a sua oposição a este tipo de ritos popularizados na província de Pampanga nos últimos 60 anos, justificando que são actos que apenas buscam o bem próprio e afastam-se do significado da paixão de Cristo.

"Apenas houve uma crucificação que salvou a humanidade. Estas tradições representam uma versão muito fanática do catolicismo e as suas motivações são completamente diferentes das que são ensinadas pela Igreja", comentou à EFE Pedro Quitorio, porta-voz da Conferência Episcopal filipina.

Redação