Em 30 de Abril de 1945, Adolf Hitler meteu na boca o cano de uma pistola e carregou no gatilho. Uma semana mais tarde, a rendição da Alemanha provocou outra morte - a do nazismo. Porém, nem sempre a relação causa-efeito é tão nítida como neste exemplo. Pelo que me admira que chefes de Estado e primeiros-ministros ocidentais se tenham apressado a dar as mais vivas felicitações aos Estados Unidos pela eliminação do fanático criminoso que foi Bin Laden. Gerou-se tal euforia que sem custo me passou pela mente a imagem de Sarkozy abraçando, entusiasmado, Merkel ou de Barroso dando uma palmada de parabéns nas costas de Obama. Julgariam que, extinto o mentor da al-Qaeda, o movimento morreria com ele?
Claro que não! Mas prefiro a imagem, essa real, não imaginada, do cardeal patriarca lembrando que uma morte (mesmo a de um facínora) nunca deve ser motivo de regozijo e que convém não esquecer que "a violência gera sempre mais violência". Não quero dizer que haja perigo de amanhã os extremistas islâmicos atirarem um avião contra o Empire State Building - mas que represálias sangrentas acontecerão, disso não se duvide! Resta saber é quem irá pagar as favas da eliminação, pelos EUA, do seu inimigo n.º 1...
Pode até a al-Qaeda estar afinal tão moribunda como alguns julgam - mas as sementes do extremismo foram lançadas e é de esperar a vingança por parte de grupos mais ou menos independentes daquele movimento, mas unidos pelo mesmo ódio a todos os que não professam a sua religião ou as suas concepções de vida.
Oxalá me engane, mas penso que infelizmente teremos em breve ocasião de verificar se a operação de comandos realizada pelos EUA contribuiu para enfraquecer o terrorismo - se o contrário...