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Brasil investe em novos laboratórios após embargo russo à carne suína

O Brasil anunciou, quarta-feira, que vai investir 50 milhões de reais (22 milhões de euros) na renovação dos laboratórios públicos, na sequência do anunciado embargo da Rússia à carne suína brasileira por alegados problemas sanitários.

O ministro da Agricultura brasileiro, Wagner Rossi, disse que a presidente Dilma Rousseff apoiou o pedido de recursos financeiros para a atualização das estruturas.

Os laboratórios "não são maus, mas ressentiram-se da falta de investimentos nos últimos anos", justificou Rossi, de acordo com a Agência Brasil.

Com o investimento, o ministro espera acabar com as reclamações de que os laboratórios não conseguem responder à procura. Rossi afirmou também que, se necessário, o Brasil usará laboratórios particulares, inclusive no estrangeiro.

Para Rossi, o protagonismo do Brasil exige que o país disponha dos recursos necessários para cumprir as exigências dos clientes.

Os laboratórios públicos de análises são os responsáveis pelo cumprimento das exigências sanitárias dos produtos brasileiros, quer para exportação, quer para consumo interno.

A Rússia anunciou o embargo à carne suína brasileira a 2 de Junho. A medida afetou 89 empresas, dos estados de Mato Grosso, Rio Grande do Sul e Paraná.

No anúncio, o porta-voz da Inspecção Sanitária Agrícola da Rússia, Alexei Alexeyenko, considerou que os três estados exportadores não garantiram o cumprimento dos requisitos sanitários.

O porta-voz acrescentou que uma inspecção russa à produção de carne brasileira realizada neste ano apontou diversas deficiências. Alexeyenko afirmou que o programa de controle veterinário do Brasil submetia a testes algumas amostras de carne, o que não garantia a qualidade de toda a produção.

Atualmente, a carne representa quase 20 por cento das exportações agro-alimentares brasileiras. Nos últimos 12 meses, a venda de carne ultrapassou os 80 mil milhões de dólares.

A Rússia é a principal compradora da carne suína brasileira, com mais de 39% de participação nas exportações. Hong Kong, Argentina, Ucrânia e Angola também são importantes consumidores do produto.

Hoje de manhã, o embargo foi tema uma audiência pública na Câmara dos Deputados do Brasil. Os parlamentares queriam conhecer as razões do embargo da Rússia e a resposta do governo brasileiro para ajudar os suinicultores prejudicados.

Em nota enviada após a audiência, o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT), um dos organizadores do debate, concluiu que os produtores precisam se adaptar às exigências sanitárias, mas o governo brasileiro "tem de mostrar força diante de algumas exigências russas".

Redação