A Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, defendeu na abertura da 41.ª cimeira do Mercosul em Assunção, Paraguai, a necessidade de concluir as negociações para um acordo entre o bloco sul-americano e a União Europeia.
"O Mercosul deve ser moldura para uma relação equitativa com outros países. É importante, nesse contexto, concluirmos as negociações do acordo de associação com a União Europeia", declarou a Presidente diante dos restantes líderes dos Estados membros do Mercado Comum do Sul.
No discurso, a Presidente citou o caso da Grécia e de Portugal como exemplo de que a crise iniciada em 2008 ainda não foi de todo superada e instar, assim, os países latino-americanos a pensar sobre o futuro e os rumos que o grupo deve tomar.
"A União Europeia enfrenta uma situação dramática, com os seus membros a passar também por graves crises de ordem fiscal e financeira, privada e pública. O caso da Grécia, de Portugal, da Irlanda e até de Espanha pode ter consequências negativas, afectando muitas economias", afirmou.
A Presidente relacionou o contexto de crise económica nos países desenvolvidos com o aumento da inflação nos Estados latino-americanos.
"Muitos de nós tem sofrido as consequências do excesso de liquidez produzidos pelos países ricos, que compromete a nossa competitividade e tem sido o principal fator responsável pelas pressões inflacionarias existentes", afirmou.
Na sequência, a líder brasileira defendeu ainda a criação de mecanismos para proteger os membros comunitários da invasão de produtos estrangeiros que procuram o mercado dos países emergentes por não encontrar compradores nas nações desenvolvidas.
"Nesse excepcional momento da região, identificamos que alguns parceiros de fora procuram vender os produtos que não encontram compradores no mundo rico. Para essa questão específica, precisamos avançar com métodos de mecanismos comunitários que venham a reequilibrar a situação", opinou.
O Brasil apresentou na terça-feira uma proposta à Comissão de Comércio do Mercosul, que ainda será discutida pelo bloco, para a adopção de medidas proteccionistas contra a entrada de mercadorias estrangeiras, sobretudo vindas da China, mas também da União Europeia e dos Estados Unidos.
Vinte anos após a sua criação, e depois de ter enfrentado momentos de crise no final da década de 1990 e início dos anos 2000, o Mercosul vive um bom momento económico. Em 2010, o comércio intra-bloco rondou os 45 mil milhões de dólares (aproximadamente 31 mil milhões de euros).
Em declarações aos jornalistas, o ministro das Relações Exteriores brasileiro, Antonio Patriota, previu um aumento deste fluxo para 2011. Destacou que apenas nos cinco primeiros meses do ano, o volume comercial negociado entre os membros do bloco ultrapassou em 27% as trocas registadas no mesmo período de 2010.
Na terça-feira, os ministros dos Negócios Estrangeiros dos quatro países membros -- Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai -- realizaram um encontro preliminar para debater o futuro do bloco. Na ocasião, Patriota informou que o grupo havia aprovado o início das avaliações para a possível entrada da Bolívia e do Equador.
A 41.ª cimeira de Presidentes do Mercosul e Países Associados decorre sem a presença da governante argentina, Cristina Kirchner, e do homólogo venezuelano, Hugo Chávez.