Brasil

Valter Hugo Mãe lança segundo livro no mercado brasileiro

O autor português Valter Hugo Mãe desembarca esta semana no Rio como convidado da Feira Literária de Paraty (Flip), onde aproveitará para apresentar a sua segunda obra ao público brasileiro.

"Mais do que o mercado, a expectativa de ver como o nosso trabalho funciona para um grupo de leitores com outras referências, mas com a mesma língua, é muito especial", declarou o autor à Lusa, sobre sua expectativa em relação à recepção da obra. O seu primeiro livro de prosa editado no Brasil foi "O Remorso de Baltazar Serapião". A obra chegou às livrarias no final de Janeiro e recebeu ampla cobertura por parte da imprensa local, acompanhada de boas críticas.

"Quando algo assim tão gratificante acontece na minha vida, eu procuro merecer e creio que merecer é garantir um esforço honesto de fazer o nosso trabalho o melhor que somos capazes", afirmou o escritor, após dizer que não esperava por tamanho sucesso. "Vivo obstinado com conseguir sempre um livro melhor, um livro mais perto do que me satisfaça. Embora nunca me satisfaça por muito tempo. A satisfação é impossível de aprisionar", acrescentou Hugo Mãe, que lançará desta vez "A Máquina de Fazer Espanhóis", pela Editora Cosac & Naif.

Criada em 2003, a Feira Literária de Paraty tem ganhado prestígio a cada edição. Este ano, a presidente Dilma Rousseff é esperada para a palestra do escritor Antonio Candido, especialista em história da literatura nacional.

Hugo Mãe participará no numa mesa que pretende debater os desafios da tradução literária e a pouca abertura do mercado internacional aos escritores lusófonos.

" Lusa, o autor disse que o que falta para que os autores de língua portuguesa sejam mais lidos no mundo é "que o mundo seja de facto global".

"A única coisa que globalizaram foi a cultura de um ou dois países, os seus produtos e mais o dinheiro de toda a gente [...] Já ninguém quer aturar os discos de Amália Rodrigues ou os livros do Vergílio Ferreira, porque são tão fora do 'padrão' que daria muito trabalho para explicar tal música e tal literatura às massas", avalia.

Quanto à tradução, o escritor português -- cujo texto foi considerado por Saramago como "assistir a um novo parto da língua portuguesa" -- disse procurar acreditar que está a ser bem traduzido, já que não há outra alternativa.

"Procuro acreditar nos tradutores. A minha vida seria insuportável se não acreditasse. Muitos autores mais exigentes e criativos foram traduzidos em toda a história da literatura. Eu, com sorte, estarei também a ser bem traduzido. Tenho de pensar assim", declarou.

Quando questionado sobre o papel político dos escritores de sua geração, Valter Hugo Mãe afirma que procura abordar questões universais nos seus textos - uma preocupação com o colectivo que, segundo ele, advém da política.

"Quero muito acreditar que um livro pode levar, ainda que apenas a um leitor, a pensar e a ser melhor cidadão", conclui.

Depois de participar na Flip, que acontece na cidade histórica de Paraty, a 250 quilómetros do Rio de Janeiro, Hugo Mãe volta ao Rio na semana que vem para outra sessão de lançamento de "A Máquina de Fazer Espanhóis", na livraria da Travessa.

Redação