Os ministros das Finanças da Zona Euro, reunidos segunda-feira no Luxemburgo, adiaram uma decisão sobre o desembolso de nova fatia de ajuda à Grécia, apontando que Atenas pode aguentar até Novembro, e não falaram da situação portuguesa.
Na conferência de imprensa após o final da reunião, o presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, indicou que desmarcou uma reunião extraordinária, inicialmente pensada para 13 de Outubro, para decidir o desembolso da sexta fatia do empréstimo à Grécia, já que, com a missão da 'troika' (Comissão, BCE e FMI) ainda em Atenas, não será possível até essa data ser tomada uma decisão.
Juncker reafirmou todavia que, se o parecer da 'troika' for positivo, os ministros reunir-se-ão o quanto antes para decidir o desembolso da verba, ressalvando que recebeu segunda-feira indicações das autoridades gregas de que a Grécia tem dinheiro para pagar pensões e salários até Novembro, pelo que há tempo, até final de Outubro, para os seus parceiros libertarem os oito mil milhões de euros da sexta fatia.
Confrontados com o anúncio de segunda-feira por parte de Atenas de que a Grécia não cumprirá a meta de défice para este ano, Juncker, assim como o comissário europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, desdramatizaram a situação, sublinhando antes a necessidade de as autoridades prosseguirem os esforços de consolidação orçamental e tomarem medidas suplementares já a pensar nos anos de 2013 e 2014.
Quanto a Portugal, Juncker e Rehn indicaram que as contas portuguesas, designadamente a derrapagem orçamental na Madeira e os "números" do défice português no primeiro semestre do ano anunciados na semana passada (8,3% do PIB), não estiveram na agenda da reunião do Eurogrupo, que terminou já perto das 24 horas horas.
"Hoje não falámos de Portugal", limitou-se a dizer Juncker.
O país que dominou todas as atenções foi mesmo, e uma vez mais a Grécia, tendo o presidente do Eurogrupo feito questão de, na conferência de imprensa final, "negar todos os rumores de que a Grécia poderia ser convidada a abandonar a Zona Euro ou decidir sair".
"Ninguém advogou a saída da Grécia ou o seu 'default' (incumprimento)", garantiu.
Um problema que ficou resolvido segunda-feira foi a questão das garantias reclamadas pela Finlândia para um novo empréstimo, que ameaçava bloquear um compromisso.
Ao cabo de complexas negociações, foram decididas as condições dos chamados "colaterais" que a Finlândia reclamava e que, segundo os responsáveis da UE, são tão pouco vantajosas para o país credor, que mais nenhum país mostrou interesse em se juntar a Helsínquia.
Os 17 ministros das Finanças do Eurogrupo voltam a reunir-se hoje de manhã, mas já com os restantes 10 ministros das Finanças, para a reunião do conjunto da UE, o chamado Ecofin.
Portugal está representado pelo ministro Vítor Gaspar, que segunda-feira não prestou declarações à imprensa.